Vamos então falar mal dos outros ... Convenhamos, têm coisa melhor que falar ( mal ou bem mas principalmente mal kkk ) dos outros ?
Tolstói fala a respeito em Ana Karenina : " Ao redor do samovar e da anfitriã a conversa vacilava...Mas, finalmente, chegou-se ao momento da maledicência; e aí o diálogo tornou-se alegre como fogos de artifício estalando ". O samovar aquele elegante braseiro em que os russos mantinham aquecida a água para o chá, já não é usado, substituído que foi pela térmica, e as festas da aristocracia czarista pertencem ao passado. Mas a cena descrita continua se repetindo em qualquer lugar do mundo. E é uma cena que qualquer um de nós já testemunhou ou já participou.
Pode ser um jantar, uma solenidade ou um velório. Ali estão reunidas algumas pessoas que se conhecem e outras não. Como acontece nestas ocasiões, a conversa, pouco animada, gira em torno a generalidades. O tempo é um assunto constante: o calor, o frio , a chuvinha chata que cai. Estes temas, sendo facilmente esgotáveis, chega o momento do inevitável, e embaraçoso silêncio. E aí uma de duas coisas pode acontecer. Alguém resmunga algo como " Tenho que cumprimentar o fulano " e se afasta, e com ele o resto grupo, que assim rapidamente se desfaz. Ou então alguém mais malandro, mais maldoso, pigarreia e começa uma frase do tipo: " Mas o que me dizem de..."
Pronto. Os pescoços se esticam, os olhos brilham, as bocas meio que se entreabrem, em gostosa expectativa. Porque o que virá a seguir será uma fofoca, um segredo que será revelado, envolvendo alguém conhecido. Melhor ainda: uma maledicência. Falar mal dos outros é um mal. Aliás a página do Aurélio em que está maledicência só contém palavras e expressões sombrias. A maledicência é no fundo uma atividade melancólica. Melhor dizendo, é uma tentativa de combater nossa própria melancolia, tripudiando sobre os outros. O que convenhamos não é uma atividade virtuosa. Não é de estranhar que, para muita gente, o fuxico seja uma tentação irresistível, conhecer um segredo e não passar adiante é uma forma de suplício, aliviado quando se encontra um ouvido atento, o que claro, não é difícil. Cervantes em Dom Quixote disse " Querer atar a língua dos maldizentes é o mesmo que querer portas ao campo".
" O que as pessoas menos nos perdoam" disse o grande escritor André Maurois " é o mal que disseram de nós". Paradoxal? Talvez.
Há algum jeito de escapar da maledicência? Há: Morrendo... Mas existem regras para maledicência e o fuxico, mas isso eu conto em outro texto. O importante aqui, na realidade o que eu quero demonstrar, é que com a maledicência podemos expressar aquilo que temos de pior ( isso também deixo para uma outra oportunidade ) mas podemos através dos maldizeres sobre coisas como política, medicina, mídia, casamento, dinheiro etc dar origem a frases e pensamentos que nos levam a mais alta reflexão sobre estes mesmos assuntos e principalmente o ser humano...
" A língua que fala mal tem três pontas:
uma fere aquele de quem se fala;
outra fere aquele a quem se fala;
e a terceira fere aquele que fala."
Talmud
Por Ademir Silva
Olha só. Eu nem vou falar de um cara que conheço que fica em casa de pantufa. Pantufa!!! Isso demonstra que a pessoa já se entregou...kkkk
ResponderExcluirAcusou o golpe kkkk O texto era pra ti kkkk
ExcluirQuem? eu? Ou o cara de pantufa?? kkkkkk
ExcluirEi, Ademir, se você tivesse um super poder, pararia a maledicência? Eu não. Hahahaha
ResponderExcluirAcredito que não Taís kkkk Afinal que graça teria
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