Eu tinha um sonho.
Sempre achei, desde garota, que ser Doutora, seria o máximo.
Achava lindo quando alguém, inadvertidamente ou com razão, chamava o interlocutor de "Doutor" ou "Doutora".
Houve um tempo em que aceitei a alcunha para os médicos e advogados sem doutorado.
Em outros tempos, durante certo tempo da minha jornada de trabalho no serviço público, não achava justo tratar os figurões de doutor, mas era obrigada, então, tudo bem. Segue o baile.
Mas chegou o momento em que nem ministro e nem ninguém que não tivesse feito doutorado, não ouvia da minha boca o tal "doutor". Continuo chamando os médicos, mas os advogados sem o título acadêmico não merecem o pronome de tratamento que exigem.
Por que falei tudo isso antes de entrar no assunto que me trouxe até aqui hoje? Para explicar que Doutor é mesmo quem faz doutorado. Sem mais.
E o meu sonho? Ah, eu quase cheguei lá!!!
Fiz o mestrado em Teorias e Tecnologias da Comunicação, na Universidade de Brasília. Foi um tema pioneiro! Tratei os movimentos sociais que nasciam nas redes sociais e iam para as ruas! Baita Assunto! ninguém tinha tratado isso no país. Foi ruim até para encontrar literatura para consulta. Minha decepção com a academia começou aqui. Professores-doutores mal preparados e com viés ideológico, sem a menor preocupação em dar aulas isentas. "doutores" que fazem de tudo para não cumprir o ano-letivo. Que estão sempre buscando "congressos" e "bolsas", mas deixam seus alunos a ver navios. Opa, não todos. os alunos que seguem o viés ideológico deles, conseguem uma atenção, conseguem bolsas e até publicam artigos.
Não desisti do sonho. Como trabalho com pesquisas sobre o regime militar brasileiro, me candidaei ao Doutorado no Departamento de História da UnB. O Projeto, que tratava sobre a Comissão da Verdade, foi aprovado. Também fui aprovada nas etapas de conhecimentos e idioma. E reprovada na entrevista porque, segundo os doutores, não usei alguns pesquisadores de esquerda na bibliografia. Ora, também não usei pesquisadores de direita. Meu projeto não tinha viés... Outra decepção.
Numa viagem a Portugal, conheci a Universidade de Coimbra! Famosa UC. Decidi mandar minha candidatura e, para minha surpresa, fui aceita!
A alegria foi reduzida no primeiro semestre e desapareceu completamente no segundo semestre.
Os "doutores" portugueses são muito mais ideológicos que os brasileiros. Lá o país, apesar de ter um ensino formal de qualidade, é retrógrado e fechado. Os professores não aceitam ideias diferentes e, muito menos, alunos com orientação ideológica mais à direita.
Não se pode questioná-los, pois tudo se torna pessoal.
E também não aprovam assuntos que não estejam dentro das suas agendas pessoais. Os assuntos da vez eram os dos quatro professores da pasta de Ciência da Comunicação:
- Comunicação digital, feminismo, marxismo, pautas LGBT, negros e índios.
Havia brasileiros com bolsa financiada pelo governo brasileiro fazendo tese sobre feminismo, mídia índia e, pasmem, comportamento de homossexuais no Tinder... Tudo bem, se quer estudar, mas o governo financiar, me deixa P da vida.
Desisti. os tais titulares dos programas de doutoramento me ensinaram que, em qualquer país, se você não for da patota, você será reprovado até desistir. E assim, morreu o meu sonho de ser doutora.
Prefiro ser apenas eu. Mestre em comunicação, mas um mestrado que não me serve para nada.
Afinal, no Brasil, quanto mais qualificado, menos chance no mercado de trabalho da minha área, pois existem muitos jornalistas desqualificados dispostos a trabalhar por um salário de miséria. E mesmo com qualificação e competência, no Brasil, quem manda é o QI.
Então, doutorado para quê?
Menina! Vc disse tudo! Essa coisa de ideologia me irrita, hoje quem mais faz, menos tem aceitação, aliás, tem que andar dentro de casa na linha senão, babau... Uma pena, tristíssimo isso, frustrante eu diria... Belíssimo texto, esclarecedor em muitas questões, principalmente por ser feito por alguém que tem "doutorado" no assunto. Parabéns doutora, mestra ou apenas minha amiga. Vc não precisa de títulos para ser especial. ❤️
ResponderExcluirObrigada, minha amiga!!!
ExcluirIsso mesmo. Quando me formei em história pela FAPA já percebia isso dentro das universidades, os professores doutrinadores. Isso nos anos de 2006. Ainda dentro da universidade existiam professores de qualificação de excelência, ainda pude pegar esses mestres que não estavam intoxicados com ideologias. Mesmo os que eu divergia de suas idéias ainda sim poderia me pronunciar e debater. Depois disso o que vi foi uma caça as bruxas, saída destes professores que não estavam alinhados e aparelhamento da doutrinação ideológica em todas as esferas do ensino. Alertei para isso, comprei briga com colegas de história...Mas tudo o que acontece hoje ´resultado do ontem... Bah... me estendi... deixo para fazer um texto sobre isso...kkkk.... Bj
ResponderExcluirBons tempos aqueles em
ExcluirQue o ensino era mais importante que a ideologia.
Maravilhoso texto. Expressou muito(quase tudo) do que sinto e penso sobre o assunto.
ResponderExcluir🙏🏻 Obrigada, meu amigo!
ExcluirNunca tive vontade de seguir esse caminho e agora, depois desse choque de realidade, descobri quanta sorte tive. Tenho horror a doutrinação, a ideologias, a manipulação de consciência e usar o ensino para isso é uma aberração, uma violência intelectual inominável. NO MBA não é assim que funciona. Tudo é muito técnico, existe compromisso com o conteúdo e com o sucesso do aluno. Mais uma vez um texto pertinente e esclarecedor. Verdadeira denúncia. Obrigado Taís, por este presente.
ResponderExcluirO ensino técnico deveria ser prioritário. Essa masturbacao mental da área de humanas é muito chata!
ExcluirVocê me conhece. Sou seu super fã...
ResponderExcluirConcordo com cada letra e sinal de pontuação.
A ideologia infestou-se como praga nas instituições de ensino. Talvez a coisa mais perfeita que essa patota fez, se é que podemos admitir isso. Foram no seio, poluíram gerações. Mas as fronteiras ideológicas são seletivas e cínicas se você for mulher, índio, negro ou homossexual que não levanta as bandeirinhas.
E sim, dá vergonha ser doutor nesse cenário. Ainda mais quando seu par é um doutor em ideologia, na realidade.
Ter acesso ao dinheiro público para "pesquisa" e não entregar me faz pensar que a educação tem a sua lei rouanet também. Alguns a chamam de Lei Paulo Freire: acesso apenas aos coleguinhas e a certeza de aprovação contas fácil. Fora os vários que foram brincar de fazer ideologia no exterior com recursos públicos. Conheci uns que passaram anos mamando na mãe capes e estão até hoje por aí. Não concluíram e não devolveram..
Pra quê doutorado? Um iletrado tem mais caráter do que um doutor que grita Lulalivre.
Súper verdade! Já conversamos muito sobre isso! Te admiro!
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