Precisamos falar sobre suicídio

Tema tabu, quase ninguém se dispõe a falar sobre suicídio. 

A imprensa não toca no assunto, médicos não apresentam dados, pesquisas não apontam quantas pessoas se matam por ano.

Também não falam das doenças que levam ao suicídio. As patologias mentais são tratadas como loucura ou desajuste. Quase ninguém quer ouvir falar disso. Mas por que? 

Por que desde sempre as condições psiquiátricas diversas do “padrão” foram jogadas no lodo do preconceito. Dizer que Faz uso de remédios psiquiátricos é uma espécie de auto-acusação. De morte da moral. Um atestado de loucura.

Pois bem. Há ainda um outro lado desse mal. Muitas vezes, por causa do preconceito, as pessoas que estão com depressão ou possuem alguma condição psiquiátrica não tem coragem de falar sobre seus sentimentos. E a voz da morte acaba sendo mais forte. 

Eu tenho transtorno bipolar e o suicídio já rondou a minha porta algumas vezes. Há algum tempo, eu escrevi este texto, que agora reproduzo aqui com a intenção de trazer alguma luz sobre esse obscuro tema.

Essa era a minha aparência dois dias antes de tentar suicídio. Quase deu certo. Não fosse a presença de espírito e o socorro rápido que meu marido prestou, eu não estaria aqui. 

Sim, eu esperei ele sair do quarto de hotel para me despedir do mundo. Sorte que esqueci de trancar a porta.

Caros, depressão não tem cara. Ela pode estar escondida num sorriso, numa brincadeira ou numa pessoa aparentemente feliz. 

Eu luto contra o transtorno bipolar há anos. Das dezenas de psiquiatras, apenas duas acertaram o diagnóstico. E só uma acertou a medicação. É uma condição muito triste e dolorida. As ideias suicidas não são brincadeiras. Elas aparecem de uma hora para a outra. E, segundo as estatísticas, uma hora a pessoa consegue.... Muitas vezes eu me sinto numa montanha-russa. Já perdi amigos, já perdi trabalhos. Já magoei pessoas e me magoei por conta desse transtorno. 

É uma pena que as pessoas usem a palavra “bipolar” para justificar atitudes mal pensadas. Ou falta de caráter. 

Eu continuarei lutando para me manter estável. E prestando atenção nas pessoas à minha volta. 

Olhe bem em volta de si. Alguém pode estar precisando de um abraço apertado e de palavras fraternas.

Em tempo: não tenham pena de uma pessoa com depressão ou que sofre de uma condição psiquiátrica diferente. Apenas sejam amigos, ofereçam sorrisos e solidariedade.

Isso pode fazer a diferença na vida de alguém.

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