Amar a quem?



Durante a maior parte da minha vida acreditei que o amor amante não existia. Eu sentia o amor maternal, o amor de filha e o fraternal. Mas amar alguém me parecia uma coisa meio demagógica.

Eu não acreditava nos homens, no amor deles, nas palavras e nas juras. Sempre achei que amar era agir. Era demonstrar muito mais do que falar.

Eu não sou uma mulher romântica. Mas sou uma pessoa amorosa, apesar da minha alma rústica e meus pés peregrinos. Não sou muito de falar, meu carinho - na maior parte das vezes - é demonstrado através de um prato saboroso ou uma sobremesa feita especialmente para agradar a quem amo.

Por muitos anos, julgo que por décadas, eu achei que apenas estar junto a alguém poderia ser possível. Mas não. É preciso mais. É preciso muito mais para que eu goste ou ame alguém. E, neste caso, não só o amor amante, mas qualquer amor.

Não é possível amar um amigo que eu não admire. Não é possível estar perto de alguém que não tenha algo a ensinar, a somar, sorrisos a compartilhar e lágrimas para secar. Para estar próxima a uma pessoa, eu preciso não me entediar com sua conversa, não ficar de olhar de olho no relógio e nem inventar uma desculpa para reduzir o tempo de encontro.

Se para conseguir minha atenção, um amigo precisa ser interessante, avalie um namorado ou marido!
É preciso que além dele ter muita paciência para conviver com uma mulher com um transtorno bipolar grave, ele precisa ser uma pessoa admirável, inteligente, sedutor e amigo. Além de tudo, precisa ser parceiro, companheiro de peregrinação e maratonas de séries de TV. 
Um parceiro precisa gostar de comida boa, vinho, ficar em casa, dormir tarde e saber amar as coisas e pessoas que eu mais amo.

Hoje em dia, eu acredito no amor. Acredito que aprendi a amar e me deixar ser amada. Mas não aceito nada além do que receber o mesmo tanto de afeto que ofereço. E acho que todas as pessoas deveriam ser interessantes e amar pessoas interessantes e capazes de devolver a mesma quantidade de afeto.

Amar o desinteressante, a falta de desejo e de cumplicidade não é possível. Não pode acontecer. Ninguém merece ser negligenciado.
Aquele ditado: "prefiro um minuto com você a uma vida inteira sem você" é uma balela. 
Não aceite. 
Prefira a sua própria companhia a uma companhia ruim.

Comentários

  1. Como mulher eu digo que para ser meu companheiro precisa no mínimo gostar da minha companhia, gostar e saber receber afetos, seja um bolo preferido ou um beijo de bom dia.Gostar de brincar, dar risada de si mesmo, gostar da natureza e entender que toda mulher quer ser cuidada, é da natureza feminina.

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