A intolerância nossa de cada dia


Nos idos 2012/13, quando eu ainda tinha paciência para ser engajada na política, participei dos movimentos de rua que pediam o fim da corrupção nas instituições governamentais. 
Éramos milhares de pessoas unidas em torno de uma pauta: melhorar o Brasil e fazer com que os políticos fossem punidos em casos de corrupção e prevaricação. Queríamos a implantação séria da lei da Ficha Limpa para que os corruptos se tornassem inelegíveis. Nunca quebramos nada. nenhuma vidraça.

Subimos a rampa do Congresso Nacional, cantamos nosso hino e nos sentimos orgulhosos de juntar os ativistas das redes sociais com os engajados políticos em uma só voz, nas Ruas. Qualquer mero movimento de arruaça e violência, nós sentávamos no chão e batíamos palmas para que a polícia identificasse os baderneiros. Foi lindo!

Logo, uns grupos que se diziam apartidários e sem aspirações políticas, mostraram a sua verdadeira cara. Foram eleitos vereadores, deputados e senadores. Nossa alegria em tentar mudar o Brasil se transformou em frustração. Não queríamos líderes de movimentos dentro das casas legislativas, sim líderes nas ruas para continuar fazendo o nosso papel - que era cobrar e apontar os erros.

Na época, eu acabara de entrar para o mestrado da UnB e decidi que minha dissertação seria sobre os movimentos sociais que migraram das redes sociais para as ruas culminando nas passeatas por todo o Brasil. Meu estudo, modéstia à parte, foi pioneiro na UnB. Não havia muitos autores brasileiros falando sobre o tema. A literatura - diferente de hoje - era escassa e muitas só existiam em inglês. Foi uma vitória no meu campo profissional e acadêmico. 

Em compensação, comecei a perceber que os discursos iniciais tomaram um novo tom e passaram a ser ataques ao partido da situação, esquecendo que a oposição era nula e corrupta. Enquanto não havia nenhum político como líder, os movimentos ainda fizeram sentido, mas logo surgiram deputados com discursos de ódio uns contra os outros e black blocks a serviço do mal e da falta de compromisso com o país.

As figuras nefastas do Lula e do Bolsonaro como oponentes, simbolizando o bem e mal foi obra de algum marketeiro mal intencionado. Como o povo estava cansado do PT e suas roubalheiras, olharam para o boquirroto Jair Bolsonaro pelas lentes dos seus assessores - como bonzinho. Coisa que não é nunca fora. Era mais um sanguessuga do poder legislativo. Como quase todo o Congresso nacional o é.

Sofremos as consequências dos discursos de ódio travestidos de boas intenções e pagamos com quatro anos de preguiça, benesses concedidas ao grupo de B e muito atraso social e político. Não houve qualquer avanço, pelo contrário. houve retrocesso cultural e educacional.

Além disso, houve a polarização do ódio e tudo o que a "direita" apontava como defeito na esquerda foi absorvida da pior maneira possível. Eu desisti dos movimentos sociais quando virou político. Mas sigo observando a falência do Brasil.

O quebra-quebra promovido em Brasília no último domingo é a mostra da selvageria das pessoas. Não importa o mau líder que elas seguem, sim a falta de civilidade e bom senso na hora de protestar ou de manifestar. Quem apoia esse tipo de ação merece cadeia. Que sejam todos punidos, desde quem financiou os atos até quem destruiu patrimônio público, privado e machucou os inocentes cavalos da polícia. 

Comentários

  1. O pior de tudo isso é que enquanto houver lulistas e bolsonaristas as coisas não vão mudar. O povo de bem tem que achar uma terceira via urgente.

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