Fora dos Padrões, e daí?


 Padrão: Aquilo que serve para ser imitado como modelo; protótipo.

 Norma determinada e aprovada consensualmente pela maioria, ou por uma    

 autoridade, que é usada como base para estabelecer uma comparação.


Mesmo não sabendo seus inúmeros significados, percebi desde pequena que não fazia parte do padrão.

Meu cabelo esticado, puxado em um rabo de cavalo, perdia a identidade quando me olhava no espelho. Não me encontrava em mim, algo de errado tinha ali. Foi difícil perceber que como eu gostava de usá-lo, não era comum, torciam o nariz, não pegava bem e ainda, parecia que não me cuidava. 


Pois é, se você é dessa geração de hoje, aproveite a diversidade, pois na minha época, tudo que era diferente, era ou errado, ou louco, legal ou brega. Então pronto, eu era diferente, errada, louca e brega. Conseguir entender a beleza dos cachos, me custou muitos narizes virados, muitas risadas de lado, muito nhé nhé nhé. 

Quando a maturidade me trouxe o conhecimento de quem eu era e do que gostava, não foi fácil assumir, nunca é.  


Mas fui lá e comecei a usar o cabelo da forma que achava que ficava bom, então, imagine anos 90 eu com rabo de cavalo bagunçado, bem daquele tipo do cabelo da Madonna no filme “Procura-se Susan desesperadamente” e claro, na tela, era lindo, na vida real, eu era bem fora de tudo que a moda pedia. Mentira, eu tentei me encaixar e percebi que, mesmo trabalhando em multinacionais, o tailleur e o bico nunca se encaixavam, tinha que ter algo quebrando essa regra toda. 


Engraçado que, nosso olhar desde sempre está junto de nós, ele vem, na genética, hoje eu entendo isso. O simples gostar de algo, muitas vezes , olhado com carinho, não é apenas gostar, é ser.


Um outro parâmetro é o fotográfico. Nunca gostei de fotos padrões. Claro que entendo o significado e sua importância, assim como a “natureza morta” no aprendizado do básico em desenho, mas ele não me seduz.


Comecei a levar fotografia a sério em 2006, simplesmente porque queria registrar a história da nossa vida, deixar para minha filha esse registro mas, de forma diferente. O primeiro click que me fez perceber o que gostava em fotos, é de uma que não está nada perfeita, está embaçada mas mesmo assim, eu consigo captar o sentimento que queria, a perspectiva que me encantava e era isso que queria. 


Nesse ano, fotografia “lifestyle” não existia no Brasil e óbvio, a maioria que olhava minhas fotos, percebia uma certa decepção, como se falassem: “tadinha, ela não sabe o que está fazendo”. Realmente eu não sabia, tecnicamente falando mas, sabia que que era aquele olhar, daquele jeito, sabia exatamente o sentimento que queria ter quando olhasse para minhas fotos.


Hoje é febre, hoje todos fazem, cada um a seu jeito e é o que mais vemos. 

Claro que a regra é a mesma dos cabelos, o padrão é importante, o conhecer a base tem que existir, senão, o viajar sai por caminhos tortos. 


Eu vejo em tudo isso um autoconhecimento e também uma auto aceitação, de olhar para dentro, de se gostar, de aceitar críticas mas também, de saber qual caminho trilhar, apesar de dizerem que não é bem assim.


O caminho é seu e apenas seu. As pedras que você pisa, outro pode até pisar, mas de forma diferente, com sapatos diferentes e arranhões em locais diferentes.

Seja no cabelo, nas fotos ou na vida, caminhe a própria trilha, tendo ciência de que, mesmo que muitos não entendam, outros estarão lá para te aplaudir ou para chorar com você.


Nessa caminhada final, a faixa de chegada é o que importa, a taça é apenas sua.

Boa caminhada e a gente se vê lá na frente, seja do jeito que fôr, descabelada ou até com fotos embaçadas.


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