Cultive as flores, plante as cores e colha amores.

 

Um poema que sempre penso de Mario Quintana, é onde ele descreve “O segredo é não correr atrás das borboletas, mas cuidar do jardim para que elas venham até você” e eu acrescentaria que este bordão serve para tudo.... Devemos preparar e domar o cavalo encilhado, pois assim ele passará várias vezes com as oportunidades para nós. Fazer a ação é importante, se não o resultado é o acaso ou o mesmo sempre.

Vivemos num período do imediatismo, no fazer e ter o resultado em seguida, em entrar numa empresa e no final do mês querer ser o Gestor, não sabemos esperar, a dificuldade é tanta que já foi criado até um termo: “slow food”. Comer devagar para saborear um prato melhor, sentir os temperos e os gostos, não somente comer e sair.

Ter tempo! Este parece ser o maior desafio da civilização moderna, vivemos reclamando que não temos tempo para nada, com tarefas ininterruptas, uma colada na outra, que parece ser mais do que as 24h de um dia e sempre deixamos tantas coisas boas para depois, pois alegamos que não temos tempo.... Mentira! Pois o que falta são mais pausas, silêncios, vazios aos nossos dias. Estive 3 dias no interior de São Francisco de Paula, 30 km da civilização, ali nenhum sinal de internet pegava. A 1ª placa no quarto do Hotel dizia: Sinal de WI-FI indisponível, aproveite e converse! Meus filhos se olharam, e perguntaram. E de noite? E se chover? E se a gente andar a cavalo, brincar com as ovelhas, tirar leite da vaca, pegar ovos no galinheiro e alimentar os porcos, que vamos fazer após isso? Depois, nem lembraram que existia celular. Nada de Tik Tok, somente o tique taque do relógio de parede

Parece as vezes que temos medo da solidão, de estar sozinhos. Mesmo sem ninguém em casa as vezes, ligamos radio, TVs mesmo sem escutar, mas estão ligados. Medo do silêncio. Porque? Será que temos medo de nos escutar? De nos ver nus na frente de um espelho? O Silêncio nos incomoda, o ruído também?

Eu gosto as vezes de parar e ficar analisando as situações, num parque, numa sinaleira, num shopping, como as pessoas caminham, param, conversam, o que elas observam, o que chama a atenção delas. E grande parte das pessoas estão ao celular, acredito que nunca na humanidade as pessoas se conversaram tanto depois da era dos celulares. Mas o que mais me causa indignação ou perplexidade é ver um casal num restaurante ou mesmo 4 amigos jantando e todos eles, em sua ilha particular com os olhos atentos ao celular, comentando, sem nem olhar ao rosto do outro, mecanicamente um fala, e nem espera retorno e continua ao seu celular... Realmente não temos tempo...

Outro fato que me deixa perturbado, é ver como as coisas são mais fáceis na atualidade e não se aproveita. Na minha infância, íamos jogar futebol, e reunia uns 30 ou mais moleques com uma mísera bola, e hoje vejo, no mesmo campinho de minha infância, máximo de garotos que se reúne são uns oito e cada um com sua bola, quanta modernidade.

Outra coisa que procuro tentar entender é: Na infância queremos que passe logo, para poder fazer as coisas sozinhos, na adolescência queremos crescer mais para pegar o carro, e ir em festas, na juventude queremos encurtar o tempo para logo trabalhar e ter dinheiro, quando adultos, já queremos que os filhos cresçam, se preocupamos com a aposentadoria e quando chega a velhice... Há! Dá para voltar tudo de novo e fazer diferente?

Temos que viver bem o dia de hoje, e planejar sim o futuro, mas sem esquecer do agora, pois atualmente sobram certezas, mas faltas logicas e acrescentaria falta coerência para a nossa civilização, queremos viver mais, mas não nos permitimos viver a intensidade da vida.





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