Vidas nas vitrines



Em tempos de redes sociais, influencers, dancinha de tiktok, stories e filtros, as pessoas acham que conhecem umas às outras.
Aliás, acreditam serem íntimas daqueles que seguem e assistem todos os dias.
Não é raro escutar que estamos bem, estamos isso ou estamos aquilo porque os olhos que nos assistem, acreditam no que querem acreditar. 
Enxergam, literalmente, o que veem, mas não sabem o que se passa de verdade.

Li uma pesquisa que a busca por cirurgias plásticas aumentou imensamente por causa da vida voltada para os selfies.
As pessoas não gostam de si como elas são. Elas querem mais. Estão sempre na busca pelo perfeito, mesmo quando a perfeição não existe.
Todos os dias leio notícias de blogueiros que fizeram isso ou aquilo. Blogueiras que mataram o namorado e influencers que se mataram. 

No fim do ano passado houve uma polêmica com a mãe de uma garotinha, exposta nas redes sociais desde pequenina. A mãe achou ruim que as pessoas fizessem memes da menina. Que fizessem "uso político" e indevido da imagem da filha. Mas, ora, ela mesma usa a imagem da menina todos os dias. Ganha dinheiro com as redes sociais expondo a menininha. Que vida essa garota vai ter?
Ser conhecido, exposto, estar na vitrine desde que se usa fraldas não pode ser saudável.

Eu tinha mais presença digital. E, principalmente, falava e expunha minhas opiniões políticas nas redes. Mas percebi que a maior parte das pessoas não quer debater. Quer impor suas ideias. Então, parei. Agora só posto meme, vinho, bike e faço homenagens para quem amo.
Não falo de mim, e quando falo, falo de coisas que realmente me importam e sobre as quais, os outros não poderão me atacar. 
Não poderão ser tóxicos. Eu não me permito mais estar na vitrine para ser alvo de pedradas.
Também não costumo me meter na opinião política dos outros. Falo o que eu penso sobre determinados posts e me retiro quando vejo que meu comentário causou polêmica.
Não sou dona da verdade. Ninguém é. Todos têm direito a opinar. Mas não têm direito de julgar.

Não desfaço amizades por divergências políticas. Mas desfaço, sem nenhuma pena, quando leio posts misóginos, preconceituosos e cruéis. Não aceito. Não aceito que defendam abusadores, nem corruptos, nem ladrões, nem assassinos, muito menos que subjuguem as pessoas por sua aparência.

Sou feminista, sim. Mas não sou feminazi. Agradeço às feministas pelo direito que eu tenho de falar, de opinar, de votar, de casar com quem eu quero e de escolher ter filhos ou não.
Por isso, qualquer um que vá de encontro com minhas opiniões políticas, eu aceito. Mas que vá de encontro com meus princípios, não será tolerado.

Minha vida é minha e não está exposta na vitrine para ser levada. E não estou no banco dos réus para ser julgada.

O meu conselho para todos é cuidarem das suas próprias vidas. Ser fiscal da existência alheia não leva ninguém a lugar nenhum.

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