A história da palheta.

 

Pois então. Depois de um punhado de anos voltei a ir em um show de Rock. Claro que guardadas as proporções no contexto show, mas o evento em questão era uma banda local e no espaço bar Opinião.

Bom mas isso é só o começo dessa história.

Entrei depois de muitos anos no Opinião, fiquei ali olhando aquela volta no tempo. Confesso que as coisas não mudaram quase nada. Fiquei lembrando de algumas festas que ali fiz enquanto o show não começava. Estava com um grande amigo, que aliás tem a mesma idade que eu e que também estava matando a saudade do lugar. Ficamos conversando e bebendo umas cervejas.

A abertura do show já ia começar e nos direcionamos para pista. Ficamos perto de uma turma onde tinha um casal e mais três garotas. Ficamos por ali vendo a movimentação. Logo uma das garotas me chamou a atenção. Achei ela linda e discreta. Comentei com meu amigo. Disse que se estivesse uma oportunidade chegaria nela para conhecê-la. Enquanto isso show ia rolando e entrando bandas e convidados ao som de muito rock´n roll.

Entretanto teve um momento em que um rapaz chegou nessa garota, fiquei observando. Ela conversou com o cara mas não deu muita abertura, logo o rapaz saiu. Neste momento meu amigo me alertou que a garota que estava com o namorado estava me olhando. Como o casal era amigo daquela turma fiquei intrigado, mas...

Em um determinado momento entre troca de bandas e intervalos e as movimentações da turma, aproveite para chegar na namorada do cara. Falei com ela. Disse que estava interessado na amiga dela. Ela me deu o nome da moça (Cláudia) e não me falou mais nada. Em posse dessa informação fiquei a espera de uma oportunidade. Contudo vi que o casal deu uma estremecida e o cara meio que quis ficar sozinho na pista.

E quem parou ao seu lado?

Cláudia.

Até então não tinha percebido nada. Estava mirabolando uma estratégia para chegar nela. E naquela momento a oportunidade apareceu. O vocal da banda tocava guitarra e distribuía as palhetas que ele tocava. Atira na pista ou entregava nas mãos das pessoas. Neste momento vi a Cláudia com a mão para cima pedindo a palheta. Então deixei o lugar onde estava e fui para frente do palco, praticamente na frente do cantor. Ao meu lado tinha uma garota linda de cabelos pretos compridos que vibrava com o show, me olhava, sorria e curtia cada música. E eu ali na minha missão de conseguir a palheta e entregar para Cláudia.

Enfim chegou o momento da última música da noite e eu já estava perdendo a esperança de conseguir a tal palheta, foi aí o que era impossível aconteceu. O cantor me viu, fiz o sinal para ele e prontamente ele veio e me entregou a palheta, a menina que estava ao meu lado também aproveitou e pediu e ganhou. Ela se virou para mim com um sorriso no rosto estendeu a mão para o alto e segurou na minha vibrando e me olhando nos olhos. Fiquei ali uns segundos e me retirei para entregar a palheta para Cláudia.

Cheguei finalmente na moça a qual desejava.

E que decepção.

Entreguei a palheta para ela e ela não aceitou. Falei o nome dela e que amiga tinha me dito e ela disse que a tal amiga,namorada do cara não era assim tão sua amiga. Ainda tentei falar que tinha feito isso para que pudesse conhecê-la e que então ela ficasse com a palheta. Ela disse que não tocava e se eu não quisesse a palheta desse para o cara da frente e apontou para o namorado da guria.

Ali percebia que a namorada do cara estava olhando para nós e o cara de costas. Não falei mais nada e sai à francesa.

Encontrei meu amigo e fomos embora para casa.

Já em casa fiquei relembrando todo os momentos e pude perceber que a Cláudia na verdade gostava do namorado da guria. A palheta ela pediu era para entregar a ele, pois pelo que ela me informou ele era músico. A raiva subiu mais quando me lembrei do que meu amigo me disse antes de sair da festa: Tirei uma foto tua lá na frente do palco, pensei que ia ficar com aquela menina ao teu lado.

Vou te contar. Nem me passou pela cabeça naquele momento, visto que perto de mim era apenas uma menina de no máximo 30 anos.   

Lembrei novamente da cena. Eu e ela na frente do palco. Segurando a mão dela estendida para o alto. Vibrando. sorrindo e olhando nos olhos...

É...

Quantas vezes perdemos oportunidades e coisas por pessoas que não nos merecem...