Os Marcelos


Meninas são bobas. Meninas de 13 anos são bobas e cheias de hormônios malucos.

Cresci viajando para o interior de Goiás. A cidade da minha mãe fica pertinho de Brasília. Então, sempre que dava, nós pegávamos a estrada.
A casa da minha avó fica na avenida principal. E, acho que já contei, eu tenho um monte de primas - e primos. Mas somos uma mulherada sem fim. 

As meninas se juntava na varanda da casa da vovó. E, bastava a notícias de que as netas da dona Nica estavam na cidade se espalhar, para começar o vai e vem dos rapazes nos carros dos pais.
Tínhamos os preferidos, claro. E as risadinhas corriam solta quando o predileto de uma ou outra passava do outro lado da avenida, fazia o retorno e voltava pela frente da casa da avó.

Era engraçado. A gente não ligava para o carro deles, nem se eram ricos ou pobres. Nos importava que a aparência nos agradasse. 
Muitas vezes sequer trocávamos uma palavra enquanto estávamos lá. Ficava só no frissom do vai e vem de automóveis.
Nunca entendi como meninos tão novos dirigiam... Mas isso é outra história.

Lá eu ganhei uma colega chamada Cristina. Um dia fui até a casa dela para irmos tomar um picolé e vi seu irmão. Meu coração quase saiu pela boca. 
Ele deveria ter uns 17 anos. E eu, 13. A Cristina 14. 
Quando ela percebeu meus olhos grandes para o rapaz, ela disse: "Esse é o meu irmão, Marcelo." Era o Marcelo Brito. 
Envergonhada, eu disse só "Oi" e puxei a Cristina pelo braço para sairmos.
Não sei por qual razão, ele também começou a passar na frente da casa da minha avó. E de vez em quando parava para deixar a irmã. Ou buscar.

Ele dirigia um caminhão, aquele modelo antigo, que naquele tempo já era antigo. E eu cismei que queria dar uma volta de caminhão. 
A Cristina contou para o irmão e ele foi me buscar. Demos a volta na avenida. Foi paixonite crônica. Ele era bonito, charmoso e mais velho. Tinha que terminar….
A amizade com a Cristina continuou, até ela se mudar para Mineiros e sumirmos uma da outra.

Então, conheci o outro Marcelo. O Marcelo Margarida. Mesmo sobrenome na minha mãe. Esse tinha um Voyage. E eu não faço ideia de como o conheci.
A família dele era conhecida da família da minha mãe.. Ele até me visitou em Brasília. A minha irmã engatou um namorico com um rapaz de Trindade e os dois vinham nos ver. 
Mas eu era nova demais. 14 anos e um mundo para conhecer. O Brito me deixou sem falar nada. 
O Margarida queria comprar um supermercado e viver no interior. Falava em se casar 4 anos depois. 

Eu, claro, não queria nada daquilo. 
E lá se foi o segundo e último Marcelo da minha vida e do Interior do Brasil.

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