Ter um filho é uma coisa louca.
Eu admirei as mães e avós pelo motivo do elogio, explico:
Todo mundo tem uma memória de comidas, de carinho, de casa, de alguma coisa, da mãe ou dá avó. Sempre olhei isso e pensava: eu não nasci para isso, acho que nunca vou ganhar um elogio pela minha comida ou por me dispôr tanto assim por filho ou neto. Não que eu não cozinhe bem ou não me disponha, mas sempre ficava aquela pendência de poder fazer mais e achar que não é para aquilo que nasci.
Ontem me peguei olhando para a Julia e pensando sobre isso. Minha comida se tornou um eterno: "hummm, que delícia", algumas formas de fazer coisas são tidas como: "adoro isso que você faz", "nossa, o seu é diferente" ou "ai que delícia, faz de novo?"
E aí percebi que não escolhemos ser, apenas somos, mesmo sem imaginar ou querer, marcamos nos outros coisas que são diárias, são simples ou impensáveis.
Olho a filha dizendo que ama meu arroz quando fica "grudadinho", quer aquele bolo com casquinha de limão que só eu faço - na opinião dela- coisas como arrumar um guarda-roupa, ou ter infinitas conversas sobre a vida, sobre a Bíblia, sobre os amigos, ser a mãe que vem com a turma papeando na volta da escola...
Então, sem querer, nos tornamos.
Sem imaginar, marcamos vidas. Talvez para mim isso seja algo diferente por eu não ter marcas assim, deixadas pela minha mãe, talvez esse seja o segredo que eu achava ser segredo. É o viver, é o querer bem, o cuidar, é o momento, é o sorriso, as coisinhas corriqueiras dessa vida tão presente e única
É do dia-a-dia que é a vida é feita, são dos momentos despretensiosos que marcam memórias.
Deve ser isso.
Deve ser assim que tocamos os outros, sem muito pensar, num momento inesperado ou um toque mágico, não sei ao certo, sei que memórias ficam e se guardam, grudam em nossos corações e perpetuam.
Deve ser isso a memória, aquela coisa doce, capaz de revivermos cheiros, alegrias, quase tocarmos no outro, quase derretermos.
Acho que futuramente serei lembrada pelos bolos, carinhos e afagos e coisas que nem imaginei que fosse capaz de fazer. Será esse o segredo, talvez seja.
Que eu construa então, muitos segredos de memórias únicas, por aí.
Por: Rachel Kizirian
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