Uma das minhas características é ser impulsivo ou pelo menos ir onde quero quando tenho vontade. Se tiver que sair de um lugar onde não estou me sentindo bem, eu não penso duas vezes e não importa se tenho dinheiro ou não, vou a pé se preciso.
Dito isto, me lembrei por esse dias de uma história que aconteceu comigo quando tinha 17 anos. Fui convidado pela família do meu amigo "Gordo" (Gordinho para os chegados), para ir passar o carnaval em Santa Catarina, mais precisamente na praia do Gravatá. Estávamos iniciando a pratica do surf e lá tinha ondas boas, do tamanho ideal, além de ser uma praia tranquila.
Pois bem, enfim chega a sexta de carnaval e eu estava meio febril, uma gripe de verão, mas nada que me impedisse de sair. Cheguei do mar, tomei um banho e fui deitar para descansar um pouco, afinal pensávamos em ir no carnaval ali em Navegantes, cidade mais próxima. Entretanto, por perto das 21:00 ouvi uma discussão na sala. Era o padrinho do Gordo convencendo a mãe dele a não emprestar o carro para gente sair. Fiquei só escutando os argumentos dos dois lados. O gordo querendo sair junto com o primo dele e eu e do outro lado o padrinho e a madrinha junto com a mãe dele negando a saída.
Até que chegou em um ponto onde argumentaram que eu estava doente, que seria mais um motivo para não ir. De pronto levantei da cama e me meti na discussão:
- Não vim até aqui para ficar deitado em uma cama. Eu vou sair de qualquer maneira com carro ou sem carro.
Todos os olhares se voltaram para mim e a discussão cessou. Porém a mãe do gordo não emprestou o carro.
Me arrumei e saí porta a fora. O gordo veio atrás de mim, o primo dele não teve a mesma coragem. A mãe do gordo ainda saiu da casa para tentar convencer ele a não ir, mas o gordo se manteve firme e me seguiu.
Chegamos na esquina de casa, na estrada que nos levaria a cidade de Navegantes. Comecei a pedir carona e não demorou muito parou um carro com dois jovens de Santa. Perguntaram a onde íamos e eu retruquei onde é a festa?
- Camboriú - responderam.
- Então é pra lá que vamos!
E entramos no carro e logo fizemos amizade com os caras que disseram:
- Vocês são loucos...kkkk
Bom, seria uns 40 km da onde estávamos. Chegando em Camboriú, nos largaram na avenida e disseram que a festa era no fim da Beira Mar. Quando chegamos na avenida vimos uma camionete com um grupo de pessoas na caçamba, fizemos sinal para subir e nos chamaram. Lá fui eu o gordinho.
Atrás na caçamba tinha um pessoal de Curitiba, perguntei quem estava na cabine do carro, mas eles disseram que não conheciam...kkkk. Subiram com cooler e bebidas e era isso. Uma festa, tinha uns caras e umas gurias tudo dançando na caçamba até chegar ao fim da beira mar.
Nem precisa dizer que fizemos uma festa na beira da praia até o amanhecer. Depois disso tivemos um longo caminho de volta para casa. Caminhamos toda a beira mar até chegar em um ponto de ônibus que ia até Itajaí. Pegamos o ônibus, chegamos em Itajaí, atravessamos de balsa para Navegantes e depois conseguimos uma carona para praia do Gravatá.
Chegamos em casa perto do meio dia, cansado, mas com alegria do dever cumprido. Por óbvio deve ter sido a pior noite da mãe do gordo, pois no sábado nos levaram de carro até Camboriú e nos buscaram no outro dia pela manhã e desta vez o primo dele foi junto.
Fico pensando que se eu não tivesse tido essa atitude, certamente ficaria em casa dormindo e não teria essa aventura para contar...
Obs: A foto acima mostra uma rota, mas viemos por dentro costeando o litoral.
A juventude.... Para os jovens não há limites.
ResponderExcluirBons tempos...
ResponderExcluirEu admiro sua atitude. Perdi muitas coisas na vida por não ter uma atitude assim. A maturidade traz essa clareza.
ResponderExcluirAgradeço essa minha característica ao meu pai. Sempre fez eu ir a luta, tanto que um dia até ele eu desafiei... mas isso fica para um outro texto...kkk
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