Há alguns anos, eu sorria quando me falavam de medos. Eu sempre tive apenas dois medos: perder quem amo e de assombração. Nunca tive medo de passar fome, ficar sem dinheiro, (até porque nunca tive mesmo), nem de bandido ou de ameaças a mim.
Em 2008, o meu primeiro medo me abateu. Perdi a minha melhor amiga. Amiga de infância. Ela era daquelas pessoas alegres, divertidas, prontas para tudo e sempre disposta a amar e perdoar. Um câncer raro e agressivo a tirou de nós. Passei a ter medo de câncer.
Em 2009, sofri ameaças aos meus filhos, passei a ter medo de homens que não sabem respeitar o limite de uma mulher e ameçam seus filhos. Uns típicos perdedores covardes
Minha mãe havia sobrevivido a três aneurismas cerebrais em 2003, mas em 2018, um câncer a levou em menos de três meses. Passei a ter mais medo de câncer e acrescentei a morte na minha lista.
Expressões como "a morte da bezerra" e "pela hora da morte" deixaram de fazer parte do meu vocabulário. A morte não é divertida. Os fantasmas não se divertem e eu continuo com medo de assombração.
Há dois anos, minha filha teve um AVC. Às convulsões me assustaram muito e o medo de perder a minha garotinha assolou minha alma. Deu tudo certo e ela está ótima, mas todas as vezes que lembro, tenho palpitações e falta de ar. Desenvolvi o medo da morte, que antes sequer passava pela minha mente.
Não sei porquê os medos nos paralisam. Muitas vezes eles sequer fazem sentido. São imaginações. Criações da nossa mente fértil. Mas são um campo minado, pois leva o nosso corpo a ter sensações que apenas parecem reais.
Então, me pergunto:- Pra que lutar tanto com medo da morte se ela é a única certeza da vida?
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