Quando meus filhos eram pequenos, eu não tinha muito tempo de curtir a presença deles. A faculdade, o trabalho, a pesquisa sobre a Ditadura Militar e o fato de eu não ter alguém para dividir as contas, ocupavam quase todo o meu tempo.
Contudo, nos fins de semana e feriados, quando eu conseguia a chance de curtir os meus pequenos, eu arranjava uns programas que atendessem a necessidade dos dois, com idades e vontades tão diferentes.
Olhando para trás, até me vejo uma boa mãe, coisa que na época eu não sentia ser. Me culpava por não conseguir acompanhá-los mais.
Entretanto, sabia que precisava correr atrás da minha carreira e pagar as contas.
Tive a sorte de morar por um bom tempo na casa da minha mãe. Ela e as babás foram fundamentais na minha vida de mãe descasada, cujos pais dos meus meninos não moravam em Brasília. Então, eu só podia contar com a minha mãe.
Nunca tive o hábito de deixar as crianças verem televisão ou jogarem vídeo-game. Ainda mais se eu estivesse por perto. Incentivei esportes, jogos de tabuleiro, leitura e a convivência familiar.
Eu os acordava religiosamente todos os dias para tomarmos café da manhã juntos antes de eu sair para o trabalho e começar a jornada que, muitas vezes, só acabava depois das 22h, quando eu ainda estava na faculdade.
A adolescência do Matheus chegou, e eu já fui estranhando o afastamento. Depois foi a Camila. Logo entraram na faculdade. O Matheus era de sair menos. Camila, rueira. Meu coração sempre ficava, e fica, aos pulos quando eles estão fora.
Há algum tempo já não tenho crianças em casa. E sinto falta do barulho delas me chamando.
Matheus está organizando a vida em Brasília para minha tranquilidade.
Camila cursou biologia e arranjou um mestrado em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.
No domingo eu coloquei o carro dela na estrada para levá-la ao seu destino. Para voar em direção ao futuro.
Estou sentindo o peso da síndrome do ninho vazio.
Não sei se alguém se prepara para isso, mas confesso que uma dor e um aperto no peito têm me acompanhado durante 24 horas.
Já gastei alguns litros de lágrimas. Sei que a vida é assim, mas acredito que os filhos não deveriam crescer.
Deveriam permanecer aqueles barulhentinhos, perturbadores da paz por toda a vida. Aí depois que eu me fosse, para o outro plano, eles estariam liberados para crescer. Egoísta? Sim. Adorava o som dos chinelinhos chegando perto....
E agora os sapatos só se afastam. As asas se abriram. Sei que fiz um bom trabalho, mas quem disse que eu já aceitei que eles já são adultos?
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