minha fé sendo testada - parte final

Depois de ser resgatada, ainda no meu primeiro dia de caminho de Santiago, entrei na caminhonete e fui ouvindo as histórias dos bombeiros.
Há alguns anos uma brasileira havia sumido perto de onde estávamos. Ninguém a encontrou e a teoria dos bascos era de que ela sumiu porque quis. 
Aliviada por estar a caminho do hostel, fui observando os lugares que eu não havia passado a pé. 
Nisso, o motorista grita, seguem-se! 
A caminhonete joga para lá e para cá e bum, cai numa vala.
O motorista pede que todos saiam pelo lado do passageiro e, quando olho, o carro estava com a roda dianteira, do lado do motorista, há alguns centímetros de escorregar montanha abaixo 
Os outros dois abriram o porta-malas, tiraram um peso, cordas e me pediram para ficar longe do carro.
Tive uma breve conversinha com Santiago. Falei para ele que os bombeiros não tinham nada a ver com os meus pecados. Só haviam me buscado.
"Quebra o galho aí, Santiago".
Com o motorista dando as ordens, mas sem se mexer lá dentro, os outros amarraram as cordas com o peso numa grande árvore, colocaram uma madeira embaixo da roda em falso, subiram nos estribos ao lado das portas traseiras e, o motorista deu a ré com os 4x4 a todo vapor.
Com o carro e o motorista fora de perigo, tomamos uma água. Eles calcularam de quanto seria a queda, e voltamos para o veículo. 
Claro, que eles estavam me sacaneando, em basco, entendi bem pouco. Mas o bombeiro que ia na frente me disse que eu havia escapado duas vezes.
E riram.
Eu também ri. Não tinha outro jeito. Já havia gasto minhas lágrimas quando estava perdida sozinha.
Eles me deixaram no albergue, apertaram minha mão e disseram que o dia deles tinha sido divertido.

Depois disso teve mais aventuras.
Conto na semana que vem!

Bom feriado a todos!

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