VIDE VIDA MARVADA

 

            E começou 2022. Entramos bem, pra variar, com uma nova variante a ômicron da Covid; graças a Deus menos grave embora muito mais contagiante. Mas para quem não se negou a tomar as doses das salvadoras vacinas e seus reforços, pouca preocupação; já aqueles que se negaram e ainda se negam a tomar ( por motivos que simplesmente me fogem a luz da razão, da ciência e do bom senso ) estão mais uma vez se complicando e preocupando os ministérios da saúde mundo afora.

        Não vou entrar nesta seara. É por demais desgastante e reflete o mundo nojento que estamos vivendo. Gostaria de abrir o ano esperançoso por notícias e principalmente por perspectivas melhores. Mas não consigo. É ano de eleição ainda por cima por aqui; embretados que estamos por essa polarização nefasta que contamina a tudo e a todos, enxergar coisas positivas me parece um delírio. Não adianta, meu lado melancólico sempre aflora no final das contas. Não sou pessimista, mas simplesmente é quase impossível ser otimista olhando o atual cenário.

        Infelizmente nossas vidas dependem muito mais de outras pessoas do que gostaríamos de admitir. Muita coisa está longe de nosso controle. O mundo é caótico e repleto de incertezas, e que como já escrevi em outros textos não estamos preparados para lidar com este mundo complexo. Mas como preciso continuar vivendo ou sobrevivendo de alguma forma, eu que tenho a música como uma terapia e um " remédio " para minhas dores e para levantar o astral, fui brindado no Natal deste final de 2021 ao assistir a um programa na TV Cultura, com uma música e composição do brilhante e genial Rolando Boldrin, o Sr Brasil como foi apelidado, um brasileiro genuíno criado no interior deste nosso Brasil, e que com extrema inteligência e simplicidade soube captar em versos e composições o que temos de melhor, na essência e na origem, das dores e angústias, sofrimento e alegria, esperança e ternura, com  um olhar quase pueril sobre a vida. Foi ouvindo esta belíssima canção, e que convido a todos que não conhecem a escutar, que parei para refletir e simplesmente aceitar que esta vida esta aí para ser curtida da forma mais simples possível, e que no final das contas, como fala o Boldrin, o negócio é ir " mastigando e ruminando esta vida marvada " e " Que quem refuga o mundo resmungando passará berrando esta vida marvada ", assim talvez chegar a momentos mais tranquilos e felizes de preferência perto de quem a gente gosta.

                     VIDE VIDA MARVADA ( Rolando Boldrin )

       " è que a viola fala alto no meu peito humano

          e toda a moda é um remédio pros meus desengano

          é que a viola fala alto no meu peito humano

          e toda mágoa é um mistério fora deste plano

          pra todo aquele que só fala que eu não sei viver

          chega lá em casa pra uma visitinha, que no verso ou no reverso

          de uma vida inteirinha

          há de encontrar-me num cateretê

          há de encontrar-me num cateretê


           Por Ademir Silva

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