Um saudosismo saudável

Poucas pessoas nascidas depois da década de 1990 sabe o que é o lado B.

Fita de videocassete, cassete, TV analógica e sem.controle remoto, coca-cola só em garrafa de vidro e leite de saquinho.

Sou saudosa. Tenho saudades de tantas coisas, que talvez eu nem me lembre de todas. 

Sinto falta do quintal mal cuidado da minha mãe, do abacateiro que dava pra subir, mas tinha que pegar uma escada para alcançar o primeiro galho. 

Tenho saudades de me balançar na rede com a minha irmã mais velha e cantar a versão esculhambada do hino da independência.

Tenho saudades do leite em saquinho, que minha mãe mandava ferver e eu bebia gelado tirado da embalagem.

Tenho saudades do clube da minha infância e dos amigos que frequentavam as águas geladas da piscina. 

Tenho saudades do LP, do rádio-gravador da minha irmã tocando a noite toda. Sinto saudades até do ocutor da rádio estragando a gravação da música que eu esperava tocar o dia todo e ele falava antes dela acabar.

Falta a casa cheia de irmáos gritando, de primos morando, amigos hospedados e churrascos de domingo.

Sinto saudades das ruas cheias de crianças, da disputa pela atenção do menino mais bonito, das partidas de futebol ou vôlei no meio da rua.

Eu realmente sinto saudades de um tempo que parece outra vida. 

Meus filhos pequenos, balinhas na bolsa para dar a eles, café da manhã com reclamação e pão quentinho, carona para os amiguinhos, festinhas de aniversário com estouro de balão gigante e crianças espalhadas pelo chão atrás de doces e brindes que voavam.

Eu sinto saudades.

Sou saudosista.

Mas juro que detesto essa moda dos anos oitenta, de calça de cós alto e pantacourt.

Isso eu quero mais é que suma rápido, mas que as boas lembranças desses meus 40 anos de vida permaneçam vivos e presentes!

Aproveitem a vida.