A vida da gente é um amontoado de lembranças e eu gosto muito de falar sobre algumas delas.
Minha infância foi muito feliz e, se eu pudesse realizar algum desejo, seria fazer todas as crianças crescerem contentes. Meus pais não tinham dinheiro, mas acredito que tínhamos a coisa mais importante de todas: família e amigos.
Meu pai é um cara simples. Criado no interior, ele gosta de roça, de calmaria, de cidades pequenas e comidinha caseira. Por causa disso, ele e minha mãe compraram um pequeno sítio a 80 quilômetros de Brasília. Íamos todos os fins de semana, e era uma verdadeira aventura! O caminho sempre era diferente, por causa da estrada que atolava quando chovia, ou por estar com muita areia na seca, ou tinha caído um barranco....
Nossa casa no Setor Militar Urbano era movimentada. Dois casais de amigos dos meus pais estavam sempre conosco. Ou lá em casa, ou na casa deles. Eram o tipo de amigos que podiam chegar sem telefonar. Passavam as noites jogando cartas ou conversa fora. O Senhor Fernando e a Dona Ádila eram os meus preferidos. Eles eram animados, alegres e sempre dispostos. Nunca os vi bravos com os quatro filhos. E olha, que o Eduardo, o terceiro da prole deles, era muito danado. Quando se juntava com o terceiro da prole da minha mãe, eu nem comento o caos...
Num dos natais, eu não sei por ideia de quem, os adultos resolveram fazer a ceia lá na fazenda. A dona Ádila, sempre bem disposta, logo arranjou um jeito da minha mãe topar. Colchonete, comidas, bebidas, crianças, cachorro e todo o acampamento foi ajeitado rapidamente!
Imaginem só. Quatro adultos e oito crianças numa pequena casa de dois quartos! Super divertido para nós. Acontece que, ao chegarmos na roça, os adultos perceberam que só havia uma pequena mesa e mal caberia as crianças. Seu Fernando e meu pai - e agora estou na dúvida se o terceiro casal, o Senhor Osvaldo e a dona Cleia, também estavam presentes - decidiram construir uma mesa.
Cortaram madeira, serraram ripas, arranjaram troncos e depois de muito trabalho, uma mesa retangular, que caberia oito a dez pessoas, entrou pela sala a dentro. Uma toalha de mesa menor que o móvel novo foi arranjada e logo a mesa de natal estava linda e prontíssima para a festa de natal mais divertida que eu já tive na minha infância.
E para completar, preciso dizer que os adultos não esqueceram os nossos presentes!!!
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