Não, não é a música do Jorge Ben Jor ( que eu conheci como Jorge Ben mas um numerólogo o convenceu a mudar o nome e até hoje não sei o porquê ) nem o livro do Paulo Coelho ( que na época em que eu li há muitos anos atrás, até achei interessante ), mas trata-se dos alquimistas de verdade.
O que seria então a Alquimia ? Uma arte do fogo, que unindo céu e terra, corpo e espírito, por meio de uma sucessão de dissoluções e de coagulações ( solve et coagula), realiza o segredo secreto da natureza, guia infalível que conduz a realização da Grande Obra. A Alquimia caminhou durante séculos ao lado do Cristianismo, cujos símbolos ela muitas vezes integrou ao seu próprio imaginário, a Arte de Hermes ( Hermes Trimegisto, um filósofo e legislador egípcio que viveu cerca de 1.330 a.C. e que inspirou os grandes pensadores gregos como Sócrates, Platão e Aristóteles e que deixou escritos notáveis e de imensa sabedoria como a Tábua de Esmeralda e suas Sete Leis de sabedoria; uma ótima leitura sobre o assunto é o livro Caibalion, apenas para ilustrar, tem uma Lei que acho fundamental: é a Lei de Causa e Efeito : " Toda a causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existe muitos planos de causalidade, mas nada escapa a Lei ". É um bom ponto de partida para uma reflexão sobre a vida.
Antes que algum leitor desavisado possa achar que se trata de misticismo ou ocultismo, a verdade é que a Alquimia foi e ainda é, uma prática que diversos sábios conduziram através dos séculos para a tentativa de descobertas extraordinárias envolvendo basicamente as leis da natureza. Grandes gênios como William Blake, Newton, Descartes, Paracelso entre inúmeros outros foram adeptos da Grande Arte. Filósofos pelo fogo: assim os próprios alquimistas se definiam em virtude de certa aliança - entre obra de sabedoria e elemento ígneo - que se tornou bem estranha para espíritos como os nossos que obtem suas próprias luzes, e sua eventual serenidade, de outras fontes de claridade. Da chama, espontaneamente associada a inflamabilidade de um espírito cujas as paixões tornam incapaz de raciocinar, não aprendemos a desconfiar ?
O saber e a sabedoria alquímicos são mais do que nunca suscetíveis de lançar uma profunda confusão nos espíritos: é de ecologia que já falam os velhos tratados que convidam a não violentar a natureza, cuja a exploração forçada ameaça hoje a sobrevivência da humanidade. O grande Carl Jung foi um profundo conhecedor e estudioso da Alquimia no âmbito da psicologia das profundezas, dos arquétipos e símbolos. Quem olha para um livro com as diversas ilustrações sobre os alquimistas não consegue ficar indiferente; estes símbolos têm muito a nos dizer sobre a natureza e a tudo que nos rege. Então quando você estiver apreciando uma pintura de Albrecht Durer ou um mais famoso e na moda, o holandês Hyeronimus Bosch, preste atenção naqueles símbolos e tente interpretar o que significam e a relação com a mãe Natureza e a Grande Obra de Deus ( claro se você acreditar no Criacionismo ). Mas como contestar a inexplicável força advinda da Natureza ? Como compreender isso tudo sem tentar " transmutar " as suas riquezas ? Me parece que hoje com essa destruição e exploração desenfreada, estamos fazendo exatamente o contrário que estes mestres do conhecimento oculto praticavam, e é este ponto crucial se faz urgente entender e relacionar, antes que seja tarde...
" O estudo engendra o conhecimento. O conhecimento suscita o amor. O amor revela a semelhança. A semelhança produz a abundância e familiaridade. A comunhão gera a confiança. A confiança, a virtude. A virtude, a dignidade. A dignidade, a potência e a potência realiza o milagre. "
Gérard Dorn, De Artificio Supernaturali, 1661.
Por Ademir Silva
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