Há alguns anos, quando eu ainda era adolescente, Brasília era o palco das brigas de rua.
As quadras tinham seus "encrenqueiros" de plantão, e estes, os seguidores fiéis. Rapazes se batiam até quase a morte. Literalmente.
Houve até um caso de um menino, filho de uma jornalista conhecida, que foi espancado e morreu.
Contudo, minha crônica hoje não é sobre Brasília e suas gangues de moleques classe média alta à toa. É sobre uma triste cena que assisti no último sábado.
Moro numa região onde a maior parte das moradias são condomínios fechados. A pista que traz e leva os moradores é de mão única. Uma que vai e uma que vem. só.
Na volta para casa, enxergo um casal se estapeando na calçada da pista contrária. Um monte de gente passava devagar olhando, mas ninguém parava para apartar a briga.
Sim, em briga de casal, eu meto a colher.
Parei e desci do carro. Me aproximei do casal e vi que o homem estava todo arranhado, vermelho e com a camisa rasgada. Ela estava caída no chão, mas não soltava a camisa do cara. Me aproximei ainda mais e ouvi o homem repetir sem parar: - Calma, Camila. Calma, Camila. Calma, Camila. De repente, um menino de uns 10 anos, no máximo, se aproximou e, chorando falou: - Vamos, Mãe, para com isso...
O homem disse, olha o seu filho. Ele está aqui.
O meu coração doeu tanto, tanto pelo menino presenciar aquela cena deprimente, que me abaixei perto dela e falei: - Escuta, você não tem vergonha, não??? Olha o papelão. Respeita o seu filho que está assustado. Terminei de falar e senti aquele odor ardido de cachaça. Não senti pena dela, nem do homem. Mas juro que eu queria pegar o menino e perguntar onde ele morava para levar para casa.
Pedi ao homem para ir embora. E aí, o porteiro do condomínio cuja frente foi o palco da briga, disse que ia chamar a polícia e tacou a garrafa de cerveja deles do outro lado da rua. Acho que a palavra Polícia despertou a mulher, que de repente começou a andar pela calçada, pegou a mão do filho e eu fui embora.
Espero que essa história ridícula tenha acabado ali. E que esse menino não tenha que passar por tal situação de novo. Quanto às brigas de casal, elas sempre vão existir, mas que o mundo aprenda a discutir sem agredir e a separar quando não há entendimento entre as partes envolvidas. Ninguém, seja homem ou mulher, tem o direito de agredir física ou psicologicamente o outro.
Ainda mais na rua e com crianças por perto.
Que episódio triste...
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