Não vou falar do filme, não. De nenhuma película que contenha perfume. Vou falar de odores.
Eu tenho mania de cheiros. Perfumes, cremes, batons, comidas... Qualquer coisa para mim tem que ter bom cheiro.
Os perfumes são doces ou florais. Os amadeirados ou herbais não fazem muito a minha cabeça.
Associo quase tudo a um cheiro.
Outro dia senti o perfume de uma planta, que não faço ideia qual é, mas ela me lembra a casa onde minha madrinha morava, em Lins/SP.
O adestrador do filhote que adotamos me pediu para fazer uma poção para repreender o Neném (este é o nome do cachorrinho) quando ele faz bobagem ou late muito para as pessoas. Quando comprei um dos ingredientes, foi uma volta ao tempo. Um retorno à minha infância e adolescência. Foi uma viagem por vários momentos da minha vida. Pedi a caixinha na farmácia e a moça me disse que só vendiam as unidades. Enquanto ela contava 20 tabletes, meu nariz captava as imagens mais ternas do mundo.
Eram tabletinhos de cânfora e me lembrei dos bebês da minha mãe. As roupinhas dos meus irmãos eram guardadas em uma gaveta com saquinhos de cânfora. Todas as vezes que os bebês tomavam banho ou trocavam de blusinhas, aquele cheirinho invadia o nariz de quem os pegasse no colo. Ás vezes, várias vezes, eu abria as gavetas dos bebês só para sentir o cheirinho gostoso que saía de dentro. Passei anos sem saber qual substância dava aquele cheirinho nas roupinhas. E eu achava tão bom, tão perfume de criança limpa!!!
Confesso que essa poção de repreender o Neném me trouxe boas lembranças. De vez em quando eu borrifo o ar daqui de casa com ela para me sentir mais perto da minha família. E da minha infância. E, principalmente da minha mãe, que cuidava dos bebês com tanta ternura e carinho. Não sei como foi que nos tornamos meio ogros, certamente não foi por falta de amor. Nem de cânfora.
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