Como todos sabem tenho um filho autista. Hoje ele tem 8 anos e por mais que possa parecer ainda estamos em uma batalha para que ele seja bem atendido. O que se pode dizer de antemão é que o Brasil não tem estrutura para crianças autistas.
Vou fazer um breve relato da vida do Felipe desde que ele "tentou" entrar na sociedade.
Descobrimos o autismo do Felipe quando ele tinha três anos de idade. Já prevíamos, mas o diagnóstico foi feito com três anos. A partir dali começamos a procurar profissionais que pudessem nos atender, neuros, fonos, psicólogas e terapeutas ocupacionais e tudo que pudesse deixar ele mais independente.
O primeiro contato com o a sociedade foi em uma creche perto de casa. Seria o primeiro contato dele e não sabíamos como ele reagiria, pois o Felipe não fala. No início ele teve uma professora espetacular (o Felipe quando tem carinho ele desenvolve muito mais), ela fez grandes avanços com o Felipe. Ele participava dos trabalhos em aula, interagia com colegas e até a aula de educação física fazia. As coisas pareciam que iam se encaixar até que chega o final de ano, o Felipe tem que trocar de turma. O segundo ano na creche já não foi a mesma coisa, apesar da professora ser bem esforçada. Neste ano o Felipe teve altos e baixos e de vez em quando ele ficava com a profe antiga. No terceiro ano de creche ai sim foi o derradeiro. Simplesmente a professora que ele tinha estava só pelo dinheiro, não foi nem uma ou duas vezes que cheguei na escola para pegar o Felipe e ele trancado na sala longe dos colegas que estavam no pátio, refeitório ou na aula de educação física. Pedi uma reunião e ali disseram que não tinham estrutura para cuidar do Felipe.
Bom, trocamos e ele foi parar em uma escola regular e particular. Nos dois primeiros anos, que eram jardim A e jardim B, foi tranquilo. Quando Felipe ingressou na primeira série, novamente a escola não tinha estrutura para autistas. Fui pegar ele na sala e me disseram que ele estava longe da turma, na biblioteca. Falei com a supervisora que me aconselhou a tirar ele da escola.
Fiquei preocupado e longo achei uma escola especial para o Felipe, particular. Tinha que colocar ele para desenvolver. Vou falar aqui o preço da escola, pois em 2020 para o turno da tarde o valor era R$ 1.800,00. Isso mesmo. Tentei ajuda da família que conseguiu me segurar um pouco, mas mesmo assim veio a pandemia e o Felipe ficou ali um ano, se desenvolveu bem, pois a estrutura ficou só para ele, um atendimento especializado é verdade, mas em compensação pouca interação social e ainda fiquei endividado.
Neste ano de 2021 consegui uma escola especial do Estado. Achei que todos os problemas enfim pudesse ter fim. Mero engano. Já começa com o absurdo que ele, sendo autista, amparado por uma lei federal, tenha que submeter a usar máscara por causa de uma determinação da Secretaria Estadual de Ensino. Nem precisa dizer que o Felipe no dia de hoje nem foi na escola, primeiramente porque reduziram o horário dele das 10:00 as 11:00 da manhã, como se eu não trabalhasse. Além de tudo disseram que ele está bem adiantado e desorganiza os colegas. Nem preciso dizer que os colegas continuam no horário normal que é das 08:30 até as 11:00.
Bom, enfim, hoje estou procurando outra escola. Vou tentar via prefeitura. Já me disseram que tem um ótimo trabalho lá. Enquanto isso vou entrar na justiça para que o plano de saúde arque com todas as terapias que ele precisa. O Estado Brasileiro não fornece isso pelo SUS, então temos que procurar nossos direitos para o bom desenvolvimento dos nossos filhos.
Tenho plena convicção da capacidade do Felipe, já me deu prova disso. O que me preocupa agora é que ele caía nas mãos de bom profissionais, pessoas interessadas e que gostem daquilo que fazem. De resto eu tenho certeza que ele vai bem. Obrigado.
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