Uma estranha paz

 

Há alguns dias, o meu celular quebrou. Assim, do nada, parou de funcionar o wi-fi. Era uma quinta-feira à tarde. No dia seguinte, levei o aparelho na assistência técnica e o homem deu um diagnóstico: queimou a antena. Mas tem que consertar numa autorizada.

Fui na tal autorizada e o técnico de lá deu o segundo diagnóstico: - pode ser consertado, mas vai custar 890 reais e corre o risco de queimar a placa.

- Oi?? Como assim?

Não arrisquei, claro.

Levei na Iplace. O telefone, um XR, comprado no fim de janeiro de 2020, novinho, ganhou um novo diagnóstico: 

- A Apple não conserta esse defeito. Não substitui componentes.

O meu olhar incrédulo e chocado deve ter incomodado o vendedor. Mais do que depressa ele sacou um telefone do bolso e consultou uma tabela.

- Se a senhora quiser trocar por outro novinho, a senhora entrega este e mais 3.680 reais.

Quem me conhece pode imaginar a minha reação. 

Saí da Iplace com um ódio danado e fui na loja da TIM. O vendedor disse que para eu ter um outro igual, no meu plano, o telefone custaria 2.600. Opa! melhorou. Preciso trabalhar um bocado e não gastar nadinha para ter um Iphone...

Desconsolada, comecei a pesquisar um celular que me atendesse e não me levasse os olhos da cara. Neste ínterim, o meu pacote 3G/4G, acabou. comprei mais. Acabou de novo porque o meu celular ficou com os aplicativos sem atualizar e ficavam tentando baixar. Um peteco!

Cacei um celular velho aqui, mas eu havia me desfeito deles. o jeito foi apelar para o tablet que Sylvio havia comprado para mim, e que acabou ficando para ele porque eu não usava. O detalhe: Não tem a função telefone no tablet!

Que maravilha. Que paz! Aquelas ligações de telemarketing e cobrança no nome de alguém que nunca ouvi falar acabaram!

Desde que os celulares começaram a receber SMS e, alguns anos depois, ganharam internet, eu nunca mais havia me sentido tão em paz. Uma paz semelhante àquela que sentíamos quando só existia telefone fixo....

Não me preocupar com o o whatsapp, nem com a bateria do telefone, nem com nada, me encheu mesmo de uma estranha paz. Sei que já vai acabar, porque comprei outro aparelho (bem mais em conta =) ) como presente de aniversário para mim. 

Mas já estou considerando não ficar com ele por perto o tempo todo. Talvez, uns minutos de silêncio e um pouco de demora para responder mensagens sejam libertadores.... 

E você? Já tentou se libertar dessa internet que nos prende como se fosse um cordão umbilical?