O ABSURDO DO ENVELHECIMENTO

 

                      E a idade chegou... Bem chega pra todo mundo, óbvio e ululante, mas como posso ser esse velho ou de meia-idade ( que eu ainda acho que não sou ) e talvez admitir que a velhice se aproxima e o atual estágio de pretensa maturidade seja uma ponte feliz para a " melhor idade " que se aproxima...

                As mudanças físicas são evidentes. Mas também há as mudanças mentais e psicológicas. Pois senão vejamos :

                Perda de memória: Na realidade, não é tanto que a informação se perca, mas o tempo de acesso e recuperação das informações vai ficando cada vez maior. É complicado, e pode se agravar ainda mais se você tiver alguma predisposição genética ao Alzheimer. 

                 Encolhimento: Tudo encolhe ( pelo menos no homem ) o corpo e todas as suas partes ( cérebro, fígado, pênis ( putz ) e principalmente coração; assim dizem os médicos e especialistas ). A única coisa boa talvez seja um encolhimento psicológico. Vez ou outra, o ego também encolhe. O que não é bom é a diminuição de interesses e atividades. Os anos trazem  a tentação de fugir da s dificuldades para uma zona de conforto. O esforço de pensar, especialmente, quase sempre é abandonado porque o consideramos cansativo e inútil. Já que o mundo está cada vez mais estranho, porque se esforçar para tentar entendê-lo? Mas é essa desistência que pode levar direto a senilidade. A única maneira de se manter vivo é se interessar por tudo ( tudo menos música funk e chef's que se tornam celebridades). Caso contrário a vida se vinga. Quem não mostra interesse em nada logo se torna desinteressante. 

                 Mesquinharia: Parece haver algo de verdade no estereótipo do velho avarento. Noto cada vez mais uma certa relutância em colocar a mão no bolso ( logo eu que sempre fui tão mão aberta ). Será isso consequência da diminuição de recursos, em especial de força, energia e tempo, que precisam ser acumulados a ponto de criar um instinto de acumulação?

                 Aceleração do tempo: Além de não restar muito tempo de vida, o tempo que resta não se contenta em passar e começa a acelerar. Ou para ser mais preciso, ocorre um duplo efeito perturbador a curto prazo, o tempo parece se arrastar, enquanto a longo prazo parece correr. Na meia-idade, a sensação é de que nada está acontecendo, e por isso os anos parecem passar mais rápido. Isso também explica porque, embora seja difícil lembrar o que aconteceu ontem, as lembranças da juventude continuam impressionantemente vivas.

                 Impaciência: Talvez em consequencia da aceleração do tempo ocorre uma raiva cada vez maior da teimosia e da obstinação do mundo, a recusa das pessoas em ser gentil e cooperar, a raiva por filas e a impaciência geral.

                  Incerteza: A juventude foi um  tempo de crenças, entusiasmos e antipatias apaixonados, e a meia-idade um tempo de incertezas. A certa altura tive a chocante revelação de que eu não sabia mais no que acreditava - ou se acreditava em alguma coisa.

                  A consciência da mortalidade oferece o foco e a intensidade que tantas vezes faltam à experiência e é outra dádiva da velhice. O prazer sexual, por exemplo, se intensifica imensuravelmente quando se sabe que ele não estará disponível por muito tempo mais, seja por incapacidade ou pela morte do parceiro.

                  Portanto meus caros amigos, não temos muito o que fazer com a inevitável passagem do tempo, e com isso a chegada da meia-idade me faz pensar que tudo que fiz até agora deve ter um sentido, não tanto pelo futuro que se aproxima e já não é mais tão distante, obviamente do tempo que eu era jovem, o balanço que se pode fazer é que envelhecer é um processo natural, de aceitação de si, de compreensão e que por mais absurdo e de certa forma doloroso, em especial quando nos olhamos no espelho e nos damos conta da transformação física, é que a sabedoria em saber reconhecer e aceitar que a idade vem com o tempo e é inevitável, mas que saber extrair deste tempo que ainda nos resta o melhor para o próximo e para o mundo...

                   Assim sendo, vou " amadurecendo " no melhor estilo estóico, resignado e convencido que posso ainda fazer o melhor por mim e por minha eventual parceira, sem me importar com o tempo..


                         Por Ademir Silva

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