Sobre Demônios e Serial Killers.
Ou, “Hoje Não !”
(Por: Allan Marinho)
Cena 1
Eram 5:30 da manhã de “inverno” aqui na Flórida.
Naquela época eu entrava às 7:30 no trabalho e como eu morava em um apartamento, eu tinha que levar a Sweetie para fazer as “necessidades fisiológicas “(vulgos: xixi e cocô) dela antes de partir rumo ao meu calvário.
Eu coloquei inverno entre aspas no parágrafo anterior, pois aqui na Flórida 98% do tempo é verão, alguns anos temos apenas 5 dias frios (ou menos). Nesse dia em particular, a temperatura estava em 5 graus (centígrados), estava bem escuro ainda, nosso passeio consistia em sair do meu apartamento e levar ela até o Dog Park do condomínio, que são duas áreas cercadas aonde a Dona Sweetie ficava livre pra correr e se livrar da comida da noite anterior.
Tudo perfeito como sempre! Xixi, cocô...alguns piques (corridas curtas) e estávamos voltando. Eu conversava alegremente com a Sweetie, quando escutei aquela voz grossa(Em inglês):
“- Bom dia ! O senhor poderia nos ajudar ?”.
Levantei minha cabeça e lá estavam eles: Dois homens brancos, com macacões brancos, parados em frente à um furgão branco, que estava com as portas abertas! Eles estavam à uma distância relativamente curta de mim, menos de dez passos.
“- Nunca! Nuncaaaaaaaa!” - respondi !
No meu segundo “nunca”, eu já estava longe! Correndo loucamente para dar a volta pelo outro lado do condomínio e salvar a minha pele - e a da Sweetie também - de virar casaco de uma gang de Serial Killers.
A Sweetie entendeu o que estava acontecendo e correu mais do que eu. Ela é uma cachorra esperta e covarde. Assim como o dono dela.
Esbaforidos, nos olhamos nos olhos ao chegar em casa , trancar a porta e sentar no chão :
“Hoje Não !”, falamos telepaticamente ao mesmo tempo !
Cena 2
Eu estava indo ao supermercado -comprar sorvete e vinho- que ficava em frente ao meu condomínio. A Kamilla estava em uma aula, era uma noite agradável e eu decidi ir andando. Assim, eu faria mais alguma atividade física e podia curtir aquela noite de lua cheia.
O condomínio em que morava era bem iluminado, postes dos dois lados da rua com lâmpadas potentes.
Eu conhecia alguns vizinhos e eles também estavam apreciando a noite em suas varandas, fazendo churrascos ou bebendo algo enquanto conversavam após mais um dia de trabalho ou curtição.
Passei por meus vizinhos dizendo vários “Hello” e “Hi”, perguntando como eles estavam e tals. Todos me respondiam com palavras amistosas, acenos e cumprimentos alegres.
O caminho era uma reta que me levaria até o portão principal e, de lá eu saíria do condomínio. O supermercado fica do outro lado da avenida (Lyons Road).
Repentinamente, as luzes (bem) mais à frente de onde eu estava começaram a se apagar, duas a duas, vindo em minha direção. Deixando apenas trevas para trás. A Lua se escondeu atrás de uma nuvem.
À princípio, achei algo normal, mas conforme a velocidade com que as lâmpadas se apagavam aumentou e aquilo começou a se aproximar de mim...virei nos calcanhares e corri, como nunca!
Os vizinhos que tinham acabado de me cumprimentar ficaram atônitos, mas eu não apenas não liguei para o que eles pensavam, como deixei eles para trás...eles que enfrentassem a possessão demoníaca ou morte certa...eu estaria seguro, abraçado com a Sweetie!
“HOJE NÃO!”, pensei.
Naquela noite não teve sorvete pra Kamilla, nem vinho para mim...eu bebi todas as cervejas que tinham em minha geladeira.
Moral da história(com “H”, pois as histórias são reais):
Você pode até pensar que eu sou maluco ou covarde, mas a verdade é que você está enganado(a)! Eu li livros demais ! E, assisti filmes e séries demais! Então eu sei que as situações que se apresentaram me levariam à morte ou possessão por um espírito demoníaco com nome gringo.
Ok, talvez eu tenha a imaginação fértil demais. Com a quantidade de “adubo” produzida em minha mente, isso não é algo anormal.
Brincadeiras(ou não) à parte, eu me senti em perigo, vi o problema e senti que não era uma boa seguir em frente...e, ao invés de “pagar pra ver”, decidi dar meia-volta. Não “busquei” o problema.
Nos últimos tempos tenho feito isso, evitado os problemas em outras situações da minha vida, do meu cotidiano. E, sou mais feliz assim.
São tantos os “perigos” evitáveis que se desenham em nossos caminhos: aquele bate-boca desnecessário com seu chefe, aquela teimosia e birra com seu companheiro/companheira, aquele “bater o pé” desnecessário com um cliente, aquela discussão com seu amigo... São perigos que podem te causar um emprego, um relacionamento, uma amizade, etc.
Além disso, podem te causar uma úlcera, agravar a situação e te deixar com raiva o dia inteiro. Assim sendo(na minha opinião), é melhor correr na direção contrária. Preservar sua sanidade física e mental, evitar despejar mais toxinas nesse seu corpinho...
Afinal, a vida é mais que isso, as pessoas são mais que isso... A sua companheira (o), o seu amigo podem estar tendo um dia ruim... e, você ainda precisa do seu emprego ou pode precisar daquele cliente.
Diga para si próprio: “”Hoje, Não !”.
Fuja dos Fantasmas, Serial Killers e Problemas evitáveis !
Be Happy !
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