Ser Mãe ou ser outra coisa ???


Quando eu era filha, não entendia muito a minha mãe. A achava chata, estressada, brava e incompreensiva com os meus desejos e anseios de criança e adolescente.

A maternidade chegou muitíssimo cedo para mim. Eu tinha escolha? Sim. A minha relação com o pai do meu bebê não era muito estável, era um tanto narcisista e gostava farra. Poderia ter feito um aborto. Teria sido mais fácil viver, estudar, crescer e amadurecer. Mas optei por manter a gravidez. Aquele bebê já era muito amado. 
Foi um pesadelo. Adolescentes deveriam ser proibidas de ficar grávidas. O corpo, apesar de já dizer ao mundo que está preparado, não está. A cabeça muito menos. E as relações.... nem comento.

Nasceu o menino. Antes do tempo. Chegou enrolado no cordão umbilical, meio roxo, meio verde do esforço de 53 horas tentando nascer. Os médicos se preocuparam, mas depois de alguns testes, o alívio foi geral. 
Ficou mais ou menos uns cinco dias sem tomar banho porque eu tinha medo de matar o moleque afogado. Ou de quebrar o bracinho… Eu era apenas uma menina de 18 anos. Não sabia nada da vida e havia sido obrigada a viver longe de casa por causa da ignorância machista do meu pai. Eu quase morri por isso. (Mas essa é outra história)

O tempo passou e eu aprendi, aos trancos e barrancos, como ser mãe solteira era difícil. Apesar disso, ser mãe era bom. Trabalhei duro, estudei à noite e, venci. graças à minha mãe forte e decidida, que entendeu que o meu lugar, e do meu bebê, era na casa dela. Foi essencial ter a minha mãe por perto. Ela me auxiliou em tudo. Principalmente quando eu via o bebê chorando sem saber a razão.

Quando a minha segunda filha chegou, foi mais fácil. Minha mãe pegou o avião e foi ao Rio de Janeiro me ajudar. Eu não comentei, mas o meu filho nasceu no RJ também. 
Camila nasceu um mês e pouco antes do esperado. Pesava somente 2,620 kg. Muito pequena e frágil. Perdi líquido amniótico durante quatro meses. A gravidez era arriscada. Meu corpo não foi feito para essa brincadeira de maternidade, tanto que fechei a fábrica no instante em que a Camila veio ao mundo. Dois estava bom.

Como nada é perfeito, o casamento com o pai da menina acabou um ano e meio depois. E voltei para Brasília, afinal, era aqui que vivia a minha mãe. Aqui era a minha casa. 
E foi, de novo ela a me estender os braços. A vovó perfeita. 
Como mãe, ainda brava e sem paciência. Não aceitava muitas das minhas ideias e ações. Apesar das nossas desavenças, eu a compreendia, apesar de ela achar que não.

Duas bicudas não se beijam, dizem, entretanto, a minha mãe era a paixão da minha vida. Ela me ensinou a ser filha, a ser mulher, a ser forte, a ser trabalhadora, a não desistir e a ser mãe. Uma mãe que cresceu junto com os filhos, e de vez em quando, é mais imatura que eles.

Espero estar fazendo um bom trabalho e se um dia eu me encontrar com a minha mãe no plano superior - (ou inferior rssrrsrsrsrs) espero que ela me diga que teve orgulho da mãe que eu me tornei.

Comentários

  1. Parabéns. Mas o caminho é o ensinamento, afinal quem nasce sabendo? Tenho certeza que tua mãe está muito orgulhosa.

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  2. Parabéns pela família Taís. Prova do sucesso na sua maternidade.

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  3. O melhormde ser mãe é que descobrimos o que é ser filha, reparou? Descobrimos tantas coisas...vc esta fazendo o seu melhor e essa marca ficará no coração deles, eternamente. ❤️❤️

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