DESIGUALDADE - PARTE 1

 

              A desigualdade no mundo, entre pobres e ricos, nunca foi tão avassaladora como nos dias atuais. A diferença de riqueza entre bilionários e o restante da população chega a ser exorbitante; os 1% dos americanos mais ricos é maior que os 90% menos favorecidos juntos. E aqui no Brasil não é diferente, pelo contrário é ainda maior, e em um país pobre como o nosso, chega a ser ultrajante, beira quase a imoralidade.

           Mas é injusta? Essa pergunta de difícil resposta, nos remete de imediato a nossa situação em particular quando nos comparamos as demais pessoas de nosso convívio e mesmo aquelas que estão a maior distância, como os ricos e famosos ou as vezes nem tanto da nossa " alta sociedade ". Aliás esse é um tema sempre bastante interessante, pois revela as nuances da estrutura da nossa sociedade, das camadas, formação e " modus operandi ". Voltarei a este tema em outro momento, mas vamos falar da justiça ou injustiça em tamanha desigualdade pela qual passamos ( diga-se de passagem agravada e escancarada na pandemia ).

            Algumas pessoas consideram essa desigualdade injusta e são favoráveis a taxação dos ricos para ajudar os pobres. Outros discordam. Elas dizem que nada há de injusto na desigualdade econômica desde que ela não resulte do uso de força ou de fraude, mas das escolhas feitas em uma economia de mercado. Quem tem razão? Se você acha que a justiça é a maximização da felicidade, provavelmente apoiará a redistribuição da riqueza. Existem conceitos atrás disso, por exemplo os libertários, defendem o mercado livre e se opõem a regulamentação do governo, não em nome da eficiência econômica e sim em nome da liberdade humana. Sua alegação principal é que cada um de nós tem o direito fundamental a liberdade - temos o direito de fazermos o que quisermos com aquilo que nos pertence, desde que respeitemos os direitos dos outros de fazer  o mesmo. 

            O curioso de quem tem este ponto de vista libertário, é que no campo político o discurso nem sempre se manifesta com clareza; muitos partidários do Estado de bem estar social ( nos moldes europeus por exemplo ) têm uma visão libertária de assuntos como os direitos dos homossexuais, direitos de reprodução, liberdade de expressão e separação entre Igreja e Estado ao contrário de muitos libertários que nestes assuntos são mais conservadores. Sem dúvida aqui o que acontece, assim como nossa posições e avaliações internas ) é um conflito de idéias que afeta a todos nós, e acaba por nos dividir quanto a posicionamento e opiniões. 

            Este assunto me preocupa e muito há vários anos, em especial aqui no Brasil que tem passado por turbulências políticas nas últimas décadas devido a polarização ideológica e posições extremistas, que tem nos afetado a economia e ainda mais a nossa frágil estrutura social, formando assim um desenho perigoso de um país com diferenças abissais entre os mais ricos e os mais pobres ou desfavorecidos, ou desamparados pelo Estado mesmo. Estamos longe de um modelo de bem estar social, e ficamos ainda mais longe com a exclusão digital da maior parte da população, porque possuir celular não significa quase nada em termos de avanço nas inúmeras áreas que revolução digital tem criado e que norteia o futuro da humanidade, pelo contrário a cada dia nos atrasamos mais e mais em relação ao primeiro mundo. Devemos pensar e nos preocupar seriamente neste grave problema que a julgar por este evento radical da Pandemia, deve aumentar nos próximos anos; pensem no que foi a praticamente exclusão das crianças e das pessoas mais pobres que sequer tem um computador pessoal,do processo de aprendizagem e educação e do ainda mais grave recrudescimento do mercado de trabalho; são milhões de excluídos e isso traz tensões e consequências ainda mais sérias para o nosso futuro próximo...


             Por Ademir Silva

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