Em busca do perfeito

Perfeito.

    TIM lat. perfectus,a,um, part.pas. de perficĭo,is, fēci,fēctum, ficĕre 'fazer inteiramente, acabar etc. Ou ainda, que não tem defeitos, terminado, sem falhas nem lacunas.

Pode-se dizer que perfeito é o belo, elegante, excepcional...

Eu costumo usar a palavra para concordar com alguém. Ou apenas para a pessoa parar de falar algo com o qual não concordo e não quero mais ouvir. Sapeco logo um "P E R F E I T O" e fim de papo.

Não vivo em busca das coisas, muito menos, de pessoas indefectíveis. Elas simplesmente não existem e eu não gosto de me decepcionar mais do que já me decepcionei nesta vida. 

Dia desses, olhando umas vagas de emprego, a descrição do trabalho era simples. Bem simples. Qualquer formado em comunicação, ou interessado na área, desempenharia muito bem a função. Contudo, quando li os requisitos do profissional, me senti um lixo. Pedia conhecimentos em tantas ferramentas digitais, experiências mil em vigilância de cliques, certificação em SEO, Adsense e inglês fluente que acabei pensando se tratar de uma vaga na Casa Branca. Mas não, era só uma agência de comunicação mesmo. 

Vi outras tantas vagas com iguais pedidos de qualificação, que me questionei sobre o sentido disso tudo. 

Comunicação digital se tornou a guerra pelo clique perfeito. 

Para isso, basta saber fazer a chamadinha certa, a fotinho certa e a apelação correta. Além, claro, do pagamento certo para a plataforma que você deseja usar. 

Não precisa desse monte de certificação. Isso é buscar pelo profissional perfeito. E o pior, sem pagar o salário perfeito. Em geral, querem um escravo certificado, que trabalhe 12 horas por dia e aceite receber dois mil reais, contratado como pessoa jurídica. Ou seja, sem qualquer segurança ou garantia.

Sei que isso acontece em outras carreiras. Mas a culpa é mesmo das ridículas leis trabalhistas e claro, do trabalhador que aceita receber menos que a categoria exige. 

Também, dos maus profissionais, que ocupam as cadeiras dos bons, aceitando receber pouco pelo trabalho. Que ele não sabe executar bem, claro.

Enfim, o mundo anda em círculos.  Todo buscam a perfeição, mas não ninguém é perfeito. Deseja-se o sucesso individual e o benefício individual a qualquer custo.

Vejo pessoas galgando caminhos tortuosos por causa do seu próprio egoísmo, mas dinheiro no bolso é o guidão do mundo. Se está bom para si, está tudo certo. 

No Brasil é cada um por si. Ou, no máximo, beneficia-se um amigo ou familiar. Quase nunca se estende a mão para um conhecido só porque ele é bom profissional. 

Quando isso acontece, acho que aquele que ajudou ganha um ponto no céu. 

O mesmo ponto que se perde quando se faz caridade e posta foto nas redes sociais. Todas as vezes que vejo isso, me arrepio de tristeza. É caridade ou vaidade?

E assim seguimos, cada um vai atrás do perfeito que lhe apraz. O corpo perfeito, o cabelo perfeito, a cara perfeita, a roupa perfeita, o emprego perfeito ou a pessoa que seja sua cara-metade perfeita.

Eu sigo achando que só existem duas coisas perfeitas: - A natureza e os cães.