UMA MULHER ADMIRÁVEL

 


                        Pois é ; vou falar de uma mulher ímpar, uma grande pensadora que nos deixou há um bom tempo, mas que nos legou uma obra rica e perene, e que em um mundo em transformação, como o nosso, se faz indispensável para a compreensão.

                  Esta mulher é Hanna Arendt, uma filósofa e pensadora alemã de origem judaica, nascida em Hannover no ano de 1906. E que, escapando da guerra e dos nazistas, fugiu para a França primeiro, para depois emigrar para os EUA onde se tornou cidadã e logo em seguida viria a publicar seu livro seminal e fundamental: As Origens do Totalitarismo. Sempre ensinando nas mais renomadas universidades americanas, viria a publicar outras grande obras, como A Condição Humana, e desta forma, seu pensamento ser considerado central para a compreensão da modernidade.

                 " Havia nela uma intensidade, uma direção interior, uma busca instintiva da qualidade, uma procura tateante da essência, uma maneira de ir ao fundo das coisas que espalhavam uma aura mágica ao seu redor. Sentíamos sua absoluta determinação de ser ela mesma, que só se igualava à sua grande sensibilidade. " Assim se expressava Hans Jonas no dia do enterro de Hanna Arendt, em Nova Iorque, em 08 de dezembro de 1975. Belas palavras, que sem dúvida sintetizam um pouco deste espirito luminar. Essa frases podem ser aplicadas a toda a sua trajetória, vida e obra mescladas, dessa mulher que correu o risco de pensar sobre as sombras do século,para que um pouco de luz voltasse a ser possível. Hanna Arendt nunca cessou de querer compreender. Estudou com os melhores de sua época : Heidegger, Jaspers, etc. Mais tarde viria a romper com Martim Heidegger por sua simpatia para com o Fuhrer , por ser judia acabou fugindo para a França e daí para os EUA, seu novo e definitivo exílio.

                  Chegando lá é que ficou sabendo dos campos de extermínio. A partir deste momento, seu esforço trilhou no sentido de compreender o que desafiava sua inteligência: o nascimento do totalitarismo. Como a vida política poderia perder o sentido, como a linguagem perdia seu alcance ? Como o desumano se tornava possível, não em monstros, mas em homens totalmente comuns ? Como reinventar um mundo que superasse esta desordem ? Perguntas como estas estavam no centro de suas reflexões. Sem romper com os filósofos, cujas obras estava sempre interrogando, ( esta capacidade de sempre questionar e se perguntar é algo fundamental, que devemos ter sempre em mente e praticar o máximo possível ). Arendt se engajou na elaboração de um pensamento sobre o espaço próprio ao político. Ela buscou apreender sua história, fragilidade, contingência, opacidade. Sua reflexão multiplicou os vaivéns entre História e presente.

                 A questão da banalidade do mal, tema central sobre os campos de concentração e extermínio, era a tentativa de compreender como esse mal radical podia ser praticado por pessoas comuns , totalmente medíocres. Pensemos então sobre os " males radicais de nossa época " e também seremos levados a perguntar como o terrorismo, as guerras urbanas, o narcotráfico, " as milícias " e todo este tipo de mal disseminado na nossa sociedade, possa existir na forma muitas vezes de homens comuns ?

                O conceito de verdade para Arendt, é definida pela relação com a ação, está ligada a pluralidade das concepções humanas, depende das condições históricas e políticas de cada época. Para finalizar uma frase-chave :

               " As palavras justas, proferidas no momento adequado, são ações. "

                Hanna Arendt, uma mulher genial e admirável, com certeza muito a frente de seu tempo, e que acima e além da nossa admiração, merece de nossa parte, uma leitura de seus textos e compreensão de suas idéias, para tentarmos entender o que se passa neste momento delicado e conturbado de nossa história...


                 Por Ademir Silva

Comentários

  1. Simples, o problema da humanidade é o homem. Bora refletir no texto. Muito bom...

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  2. Gosto muito do que ela escreve. A banalidade do mal, a princípio, não existe. Mas depois de ler Hanna, você entende que existe sim. E como!

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  3. Gosto muito do que ela escreve. A banalidade do mal, a princípio, não existe. Mas depois de ler Hanna, você entende que existe sim. E como!

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  4. Cara, gostei demais!
    Bora refletir!!!

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