Uma descoberta peculiar

Música é algo que me encanta demais.

Acordes, notas, tons, melodias, instrumentos musicais e tudo isso junto faz o meu coração sorrir.

Arrisco dizer que sou musical. Tenho sempre uma canção "da vez" na preferência. Canto e ouço até enjoar. Meu gosto é eclético. Passeio do sertanejo ao jazz. Só não me venha com rap e funk brasileiro, ou com aquelas coisas tipo forró universitário. Isso eu não gosto, não!

Quando eu era mais jovem, bemmmmm mais jovem, numa casa próxima à minha moravam dois rapazes. O Sergio e o Nando. Eram meus colegas de rua. Ficávamos na frente de casa batendo papo e passando tempo. O Nando era quase da minha idade. O Sergio, um pouco mais velho. Nando era mais aberto, mais engraçado. Namorava uma menina que fazia uma tal de ginástica aérobica de "alto impacto" junto comigo.

Certa vez, Nando me perguntou qual o tipo de música que eu mais gostava. - MPB! - Respondi rapidamente. Mas também gosto de Rock internacional. Então, ele entrou em casa e voltou com dois LPs.

- Você gosta de MPB, conhece isso?

Peguei as capas, uma branca com letras vermelhas e oura com letras azuis. "Cantoria 1 e Cantoria 2".

Confessei que não. Não conhecia e nunca havia visto. Ele riu me explicando que as pessoas gostavam de chamar aquilo de música regional. Pedi emprestado e fui com os LPs para casa na mesma hora.

Abri a vitrola, posicionei a "agulha" e sentei com o encarte em mãos. Foi Amor à primeira escuta. Tipo uma droga viciante. Ouvi o lado A, lado B. Troquei o disco, lado A, lado B. Repeti a operação. E de novo.

Eu tinha 14 anos. Não acreditava que minha alma musical ainda não havia encontrado Xangai, Elomar, Vital Faria e Geraldo Azevedo. Liguei para minha melhor amiga, que era do Piauí, e disse: Escuta! E toquei para ela "Era casa, Era Jardim".

Ela conhecia Geraldo Azevedo. Seu pai era um homem musical. Acordava aos fins de semana com a vitrola ligada. Como um bom nordestino, violeiro, ele apresentava aos filhos, músicas variadas.

Gravei uma fita com os LPs e devolvi pro Nando.

Comecei uma pequena economia para comprar os mesmos LPs. Toda vez que alguém me perguntava o que eu queria de presente, a resposta era LP de música regional. rsrsrsrs

E assim, nasceu minha paixão pelas cantilenas, repentes, desafios e demais canções que cantarolam a vida comum. A vida do camponês, do ribeirinho, do sertanejo e do povo brasileiro.

Elomar já é um senhor de idade, mas segue com o vozeirão de sempre. Vez por outra ele faz uma mão de prosa, um encontro com os malungos via internet. O bardo, o menestrel, o poeta segue encantando.

Xangai gosta de pescar e de estar no meio do mato. É um baiano sertanejo nato. Amante das cantilenas de lua cheia e autor do hino dos Baianos - o ABC do preguiçoso.

Vital Farias esteve internado com Covid este ano, mas graças a Deus se recuperou. Segue fazendo músicas. É autor de diversas Sagas brasileiras e da música que toquei para minha amiga ao telefone. É ainda o compositor de "Ai, que saudade d'ocê". O paraibano tentou entrar na política, mas não conseguiu se eleger.

Geraldo Azevedo continua o mais popular. O pernambucano é autor de dia branco, Talismã e bicho de sete cabeças, entre outras canções. Fez parceria com Nana Caymi, Alceu Valença, Zé Ramalho e Amelinha. Além de faze parte do projeto Kalunga com Chico Buarque, Dorival Caymi e muitos outros artistas.

Há duas semanas estou Elomariando. Suas composições falam a minha língua e conversam com o meu coração. Deixo aqui o link de uma das canções que mais gosto para que vocês se Elomariem e curtam essa trova maravilhosa.

https://www.youtube.com/watch?v=ZqCwFCQ4ErU

Deixo também um agradecimento ao Nando, onde quer que ele esteja, por me apresentar essas maravilhas da vida!