Em tempos tão pesados como estes em que estamos "sobrevivendo", falar de música e especialmente de Beatles sempre me conforta.
Sou fã da banda e todos os seus integrantes de forma incondicional, e na minha opinião, são sim o grupo musical mais influente da história do Rock e da própria música; não entro nesta seara de preferências, tem muita gente que prefere os Rolling Stones ( dos quais também sou fã ) mas é o tipo de comparação no qual pra mim não faz sentido, é tipo comparar Led Zeppelin e Pink Floyd, não tenho como escolher, gosto imensamente das duas e tecnicamente falando, no final das contas, música é uma questão de gosto, embora eu acredite plenamente na educação em música especialmente quando falamos na música clássica ou erudita, esta mesma educação vale para todos os gêneros ( em outra ocasião externarei este meu ponto de vista ).
De tempos em tempos além de escutar as músicas dos Beatles, obviamente, me pego lendo um livro do inglês Steve Turner sobre as histórias de cada uma das composições, e é nestas história que se revelam a genialidade e criatividade impressionantes dos besouros de Liverpool. Como todo mundo, acredito eu, sou transportado para aquele momento em que a escutei pela primeira vez, e não para os detalhes do processo de composição. Os elementos surpresa nas melodias ( que as tornaram tão cativantes quando foram originalmente lançadas ) ainda soam inesperadas. Elas têm uma capacidade mágica de reter o frescor, e também conseguiram manter este efeito para as gerações seguintes. Transcendência. Talvez seja esta a palavra. Eles mais que qualquer outro grupo musical resistem ao teste do tempo de uma forma única e mágica; são como as pirâmides, e neste sentido não parecem ter uma explicação racional.
Como quatro rapazes de origem relativamente modestas, do interior da Inglaterra, conseguiram ser alçados ao ápice da fama, cantando canções simples sobre a vida e o cotidiano ? Claro que ao passar dos anos as composições evoluíram para uma complexidade cada vez maior, seguindo as características de seus três principais compositores John, Paul e George e que foram construindo e moldando a banda e toda uma geração até a sua natural desconstrução e declínio e finalmente a dissolução ... Não vou entrar aqui nas questões que levaram ao fim da banda ( como a Yoko Ono por exemplo ) eles iriam terminar naturalmente como qualquer banda ( exceção os Stones kkk ), mas sem dúvida todo mundo se pergunta se não poderiam ter continuado um pouco mais; suas carreiras solo foram incríveis também, John e seu destino trágico nas mãos de um lunático foram um duro golpe, ainda mais duro para mim foi a partida de George, meu beatle preferido, um cara do bem, altamente espiritualizado e com um alma que comove ainda e muito tempo depois ( assistam ao tributo feito a ele em 2002, um ano após sua morte, em um concerto no Royal Albert Hall, é magnífico ).
Mas temos a sorte por um outro lado de ainda poder assistir a Paul com seus 78 anos plenos de vigor e criatividade fazendo turnês pelo mundo ( tivemos o privilégio de ter sua presença aqui no Brasil, lembro bem dele no antigo estádio Beira Rio e sua apresentação impecável e inesquecível ) e também do Ringo uma figura igualmente ímpar e de rara sensibilidade.
Poderia falar por horas das inúmeras canções dos Beatles e suas histórias incríveis, suas inspirações, seus temas e suas melodias, mas não tenho espaço aqui neste momento infelizmente; todavia sugiro a audição de uma música que me toca em particular, talvez por sua natureza, um tanto melancólica e sem dúvida também por sua mensagem e descrição da vida e do nosso caminho nesta existência : The Long And Winding Road. Assim como Yesterday, ela evoca perdas. As imagens de vento e chuva sugerem desamparo em local inóspito, enquanto a estrada que leva à " porta dela " traz a esperança...
Acho por demais oportuna e apropriada ao que estamos vivendo.
Por Ademir Silva
A música sempre conforta e boas músicas mais ainda nesses tempos tão difíceis... Belo texto.
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