Amigos ou apenas ilusão?

     

    

    Era uma vez uma pessoa. Ela tinha muitos sonhos, muitos eventos, muitas alegrias e muitos amigos. 

Um dia, essa pessoa ficou doente. Extremamente deprimida e sem vontade de sair, encontrar outras pessoas ou socializar.

Quando esse alguém melhorou, não havia mais ninguém. 

Fim da ilusão.

    Vez por outra me recordo desse tempo. Quando eu tinha muita energia e disposição. Mesmo com pouco dinheiro, conseguia encontrar os amigos, fazer churrasco, sair para um barzinho ou frequentar a casa de alguém. Sempre havia um convite, um sorriso, uma reunião boa.

Depois de uma crise depressiva e alguns probleminhas que, se os amigos fossem realmente amigos, teriam permanecido ao meu lado.

Então, vejo as fotografias, alguns bilhetes nas redes sociais e parece que me encontro em outra dimensão. Parece que nada daquilo aconteceu. Que as pessoas não eram reais.

Então, em um ou outro passeio pelo universo virtual, dependendo da métrica, reencontro aquelas pessoas. Fotografias, outros amigos, as mesmas declarações e bilhetes. Concluo que o problema talvez esteja comigo. Talvez eu não saiba manter as pessoas ao meu lado. Ou simplesmente, elas não gostavam tanto de mim quanto eu imaginava.

São os amigos de verão. Acredito que todos já tenham passado por isso. Mas eu tenho uma peculiaridade: - não corro atrás de ninguém. 

Ligo uma ou três vezes, a depender. Convido para um café ou vinho, me disponibilizo e abro portas. Contudo, não suporto a falta de reciprocidade. Prefiro me afastar.

Não sou daquelas que pedem desculpas ou insistem. Mas sou daquelas almas sinceras, com o coração ao pé da boca. Para o bem e para o mal...

Posso contar nos dedos de uma só mão os amigos que tenho. Talvez sobrem dedos. E há tempos parei de me magoar com a ausência de convites.

Há tempos deixei de acreditar naquela velha desculpa do "estou na correria". A falta de tempo não existe quando queremos dizer um oi para alguém. Depois da invenção do SMS e do whatsapp, essa desculpa ficou ainda mais sem sentido. Antes, já era difícil acreditar na falta de tempo para uma chamada telefônica. Agora é simplesmente inaceitável.

Nestes tempos pandêmicos tenho ainda mais forte a sensação de que me procura quem quer. Envia mensagem ou telefona quem realmente se importa. Pode ser na lista de transmissão, no grupo ou individual. Pessoas que se importam em ter contato com quem elas gostam, arrumam uma desculpa, um meme, um vídeo....

Tenho três amigos que são impressionantes. Eles se importam com as outras, estão sempre presentes e, se você manda um oizinho, fazem questão de que não passe em branco.  Outra amiga manda, todos os dias, a palavra do pastor da igreja dela. Eu não sou evangélica, mas em geral, eu ouço. E me fazem bem!

Pronto, contei nos dedos de uma mão. E eu sou muito feliz por ter essas pessoas na minha vida. Acredito que qualidade é melhor que quantidade. Em tudo.

Não exijo que as pessoas se lembrem de mim. Ao contrário, se não faço parte dos pensamentos cotidianos, não quero a falsidade do feliz aniversário, etc.

Este não é um texto amargo, pelo contrário, é uma ode a todas as pessoas que passaram pela minha vida e me ensinaram a ser alguém melhor. É um agradecimento a todos que me ajudaram a enxergar o fim de uma ilusão.