Você fala sozinho (a)?
Acho que é mal de filho único ou caçula, no meu caso, os dois. Sou única de minha mãe e caçula do meu pai.
Cresci num mundo adulto, onde meus interesses e vontades pouco valiam. Vou te dizer que não é uma coisa fácil viver assim mas, também devo admitir que isso, me fez crescer mais forte, sera?
Os adultos ali, em frente à televisão ou na cozinha, sempre me avisavam quando eu me intrometida nos assuntos: "isso nao é assunto de criança".
O que me restava era ficar sentada nos degraus da escada da sala, imaginando e conversando com meus amigos imaginários. Fora eles, o "baianão" também não saia do meu lado, independente de qual amigo imaginario estivesse "presente".
Alias, impressionante, todos meus amigos imaginários, gostavam do "baianão" e dividiam comigo meu gosto musical.
Eu já contei que devo ter nascido cantando? Deve ser por isso que passei 2 meses no Hospital, acho que eles gostavam do meu choro melódico, certo que eles falam que foi uma desidratação mas, adultos sempre arrumam desculpas para tudo.
O "Baianão" era um rádio amarelo escuro, que me acompanhava em todas as horas.
Na casa da minha avó, no quintal, tinha um quartinho que era o meu mundo. Tomava meu café e corria para ali, o dia só começava quando eu ligava o "baianão". Meu mundo ficava colorido, por mais que uma das minha tiaa gritasse do outro lado da casa, me chamando para pegar o sapato que não estava em seu lugar.
O quartinho era o lugar que me protegia do mundo dos adultos, que imagina um futuro, fosse qual fosse, onde deixava minha imaginação fluir e, o "baianão" sempre me acompanhava com suas músicas nacionais, internacionais, novidades e baladas românticas.
Ali ia até ilhas desertas, tempestades num lugar longínquo, ali eu era professora, cantora, atriz, escrevia cartas, a realidade dos adultos não imperava, quem mandava era eu. Aquele quartinho poderia ser meu futuro quarto ou um futuro onde eu conseguiria realizar meus sonhos, pelo menos os mais importantes e, nada dava errado.
O quartinho ficou para trás, eu cresci, o "baianão", meu rádio de estimação se perdeu em algum momento em meu crescimento, mas a música que ele me ensinou a gostar, me acompanha até hoje, assim como a lembrança dos meus amigos imaginários que ainda hoje, são acordados de vez em quando, com um grito: - Acorda, Alice!
E até hoje me pergunto que mal tem em sonhar com uma música de fundo a tocar?
Nenhum mal, lembranças boas. Acabei lembrando quando me isolava do mundo. Deixava o quarto na escuridão total e ligava o rádio num programa que dava noite, love songs. Música de abertura era love songs are back again...https://youtu.be/0ferIDUWMKc
ResponderExcluirAhhhhh eu memee trancava no quarto ouvindo música também!!!
ExcluirA música é o refúgio para almas sensíveis. É carinho para almas e aconchego para corações. Adorei a lembrança. É mais ainda a desculpa doa adultos. Mas viver como criança, sem assuntos de adultos, é uma dádiva!
ResponderExcluirMuito sensível o seu texto. O Baianão era um amigo concreto, que oferecia aquilo que mais te poderia fazer feliz.
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