Vida de Interior

 

Igreja de São Benedito - Monte Mor

A vida de interior, confessem, é uma delícia. Minha adolescência foi incrível, a tão aguardada férias quando chegava, aproveitava cada segundo. 

A cidade era sempre a mesma - Monte Mor - uma cidade perto de Campinas que, para minha frustração na época, praticamente ninguém conhecia.

Ali os dias passavam vagarosamente, com calma e leveza. 

Foi ali que fiz parte da V.A.S.P (vagabundos anônimos sustentados pelos pais), que assisti pela primeira vez a um MotoCross, que descobria o mundo com a minha turma, que participei com meu tio em suas criações de alfaiate, onde assistia a Sessão da Tarde, esperando que a noite chegasse logo.

Tinha o horário regrado das refeições, o leite entregue na porta naquelas garrafinhas de vidro, as verduras chegando frescas na porta de casa. 

Ali sempre tinha sobremesa: frutas. Os momentos no futebol de salão, onde sempre alguém da turma estava jogando, o clube de campo que enfeitava minhas tardes, o beijo gelado, o primeiro namorado e tudo acontecia, na escadaria da igreja Matriz ou na Praçinha Central, até às 22h, que era o horário que tinha que voltar para casa, senão a tia, puxava a orelha.

Minha tia Dulce era outro caso à parte. Suave em sua braveza, nunca me fez sentir um "estorvo". Os dias ali tinhas gosto de manga ou goiaba no pé, outros tinham gosto de caramelo.

Ela foi realmente a responsável por todas essas lembranças me deixando que ficasse por 30/40 dias aproveitando minhas férias em sua casa, ela que incentivou e aprovou meu namoro, que durou 1 ano e um dia e ficava ali, na arquibancada da vida, torcendo por tudo. 

São lembranças que ficam, pessoas que marcam e sorrisos sem fim.