País e Filhos (por Allan Marinho)

Eu morava em Curaçao, pra quem não sabe, esse é um pequeno pis no Caribe. Me mudei pra lá com minha esposa, meu cunhado e nossa melhor amiga (Marcinha). Abrimos um pequeno restaurante naquele paraíso. Buscávamos a realização de um sonho. Alugamos uma casa com um quintal enorme, só que percebemos que existiam outros “moradores”(além de nós) vivendo naquela propriedade. Nunca pensei que um dia fosse ter galinhas, galos e seus filhotes em meu quintal(depois de adulto).Cresci no subúrbio do Rio de Janeiro e lembro vagamente de meu pai ter tido uns galos, e nem sei se isso é uma peça que minha mente me prega ou se realmente aconteceu. Mas, desde que chegamos à Boka Sami(nome do bairro), a casa em que nós morávamos era visitada por um monte desses bichinhos, já que nossa família os alimentava. E, não tinha como não se afeiçoar ou deixar de perceber a rotina deles. Existiam 5 pintinhos... Eu, Ka, Marcinha e Willy sempre nos impressionávamos com o instinto maternal da galinha mãe. Ela os protegia , afugentava os "inimigos"(iguanas) e cuidava para que eles comessem primeiro que todos, inclusive ela. Mas, um belo dia, naquela sempre bela e ensolarada ilha, me deparei com a mãe afugentando os filhotes. Não entendi muito bem a situação na hora, então percebi com o passar dos dias que ela os "jogou pra vida". Hoje eles são independentes e apesar de ainda caminharem juntos, como irmãos, eles se alimentam e vivem sem a mãe. Talvez nós, pais e mães (e todos os responsáveis ) ,por amor não deixemos nossos filhos viver suas vidas sem a nossa super proteção . Talvez o correto seja de forma gradativa fazer com que eles vivam desafios e experiências sem a nossa presença. E, assim quando eles tiverem que se deparar com a vida dura sem os pais, talvez eles estejam melhor preparados e mais fortes. Talvez, tantos " talvezes", "entretantos" e "contudos"...acho que talvez(mais um !) não exista uma fórmula mágica para criar nossos filhos, sempre pecaremos por excesso de zelo ou omissão. PS: vimos quase todos os pintinhos se transformarem em galos e galinhas adultas, apenas um dos deles sumiu (deve ter caído nas drogas...ele tinha cara de cracudo ).

Comentários

  1. Eu amo Curaçao. Mas não gosto de galinhas e galos, apesar de saber que eles comem escorpiões etc. os animais são mais sábios que os humanos. Colocam os filhos para a independência logo! Te beijo

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  2. Bela analogia Allan ! A natureza sempre nos ensinando, e quanto a superproteção lembra daquele meu texto sobre a fragilidade, quanto mais proteção mais frágil o filho fica é preciso expor os filhos, com cuidado, a determinadas situações de estresse, isso boa torna fortes e antifrageis, quanto ao cara de cracudo , sempre tem um que se perde ... kkkk

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