A era do ódio

As redes sociais digitais se tornaram uma ferramenta essencial por possibilitarem a interligação de pessoas de todos os lugares do mundo, permitindo a interação entre pessoas que nunca se viram, bem como por promover reencontros entre antigos amigos. 

Contudo, o ciberespaço é muito diverso e as as pessoas que participam das redes também são muito diferentes.  Muitas não compartilham dos mesmos ideais, gerando conflitos, discussões e xingamentos.

Os conflitos que ocorrem nas redes sociais, em sua maioria, são provenientes das ideologias existentes no mundo físico. Entretanto, nas redes sociais - ou grupos de convivência presenciais - a propagação da manifestação do pensamento se restringe aos grupos de convivência física. 

Juntamente com a evolução tecnológica e digital, as redes sociais tornaram-se cada vez mais informais e próximas aos seus usuários, elas geram a falsa percepção de que se podem propagar xingamentos e discursos de ódio sem que a força da lei alcance os indivíduos. Claro que, no Brasil, a impunidade é grande. A fiscalização é inócua, mas existem leis que punem autores de discursos de ódio. 

Partindo da falsa impressão de que no mundo virtual, por não possibilitar o contato físico, alguns usuários se veem encorajados em expressar suas opiniões, xingar pessoas e impor suas ideias sem qualquer ponderação ou limites ao que se publica, comenta e compartilha. 

No instante em que, por meio das redes sociais, ficou evidente a tranquilidade de seus usuários em expressar tudo que se pensa, as redes se tornaram um espaço de se noticiar opiniões preconceituosas, discriminatórias e intolerantes, principalmente com discurso de ódio voltados as minorias sociais. 

Muito comumente, os autores destes discursos sentem-se no seu direito à liberdade de expressão. Mas essa liberdade não permite que se ofenda ou diminua outra pessoa. No momento em que se lesiona a dignidade do ser humano, esse direito se torna um crime.

Há algum tempo a polaridade dos discursos de militantes de “direita” ou “esquerda” no Brasil se tornou absurdamente ridícula. São discursos que fazem apologia à violência psicológica e física. É o discurso do poder a qualquer custo. E também, entre estes dois grupos, surgiu o falso conservadorismo de um lado e a absurda libertinagem do outro. E no meio disso tudo, estamos nós assistindo a deterioração da comunicação e dos valores morais.

Estamos assistindo o Brasil retroagir e a população ficar sentada com seus telefones e computadores, militando virtualmente. Tentando mudar opiniões por meio da violência verbal boa redes sociais. Enquanto isso, os grupos do poder continuam rindo da nossa cara enquanto roubam e se divertem com dinheiro público. 

E os eleitores que se lasquem. 

E os brasileiros que se virem.