“More than words”

Eles já estavam namorando há 1 ano e meio. 
Andréa era a primeira namorada que ele realmente gostava, no alto dos seus 18 anos de vida. Ele gostava da companhia dela, ela era linda e a família dele a adorava. 
Filha de uma baiana com um japonês, ela parecia ter herdado toda beleza possível daquela miscigenação. A música deles era “More Than Words”, do Extreme. Então, eles ficaram bem excitados quando souberam que aquele grupo iria se apresentar no Hollywood Rock. 
E, se programaram para ir juntos. Mas, nosso herói tinha apenas 18 anos. Apenas um dia antes do show, ele mentiu, inventando que estava doente e foi com seu melhor amigo (Bode), pois além do Extreme tinha Barão, Skid Row e mais um monte de bandas legais e aquilo não “era lugar pra menina”. 
Só que como os ingressos não estavam sendo vendidos como esperado pela organização do show. Num desespero pra lotar o show, os organizadores começaram a vender nos moldes “comprar um e entrar dois”. Quando souberam disso, os bandidos do Rio fizeram a festa. 
A vagabundagem entrava de carona com quem tinha comprado o ingresso antes da promoção. Resultado: muitos assaltos, furtos e brigas lá dentro. Tentaram roubar o relógio do nosso herói(pois ele era tão inteligente que levou relógio pra um concerto), a pulseira arrebentou e ele reagiu, empurrando o bandido que caiu. Ficou com o relógio em suas mãos. 
Ele esperou o bandido se levantar(pois, Daniel lhe ensinou assim), e um comparsa do meliante acertou um soco no rosto de nosso herói ...que ao rodar pra cair, jogou o Citizen AQUALAND longe. 
No chão ele foi chutado diversas vezes, até os ladrões se distraírem com o amigo dele e, ele fugir se arrastando. Foi até o posto de atendimento médico do show e quem estava lá! 
A melhor amiga da namorada dele e o noivo(que também tinha apanhado). Contaram tudo para ela. 
Ela terminou o namoro. 
Não aceitava suas ligações telefônicas ou abria a porta de sua casa. Os pais dela, que gostavam dele, explicaram que ela não queria papo. 
Ele ganhou um olho roxo que o acompanhou por vários dias. Seis anos depois, o telefone tocou em seu trabalho. Era ela! Andréa disse que tinha conseguido o número dele através de uma amiga em comum e queria saber como ele estava. 
Marcaram de se encontrar em um restaurante perto do apartamento em que ela morava. Jantaram e se divertiram lembrando da época de namorados, falaram sobre suas carreiras profissionais e acadêmicas. Conversaram sobre o que tinham feito naqueles seis anos, suas “aventuras “ e viagens. Ele sentia como se nenhum dia tivesse passado desde que ela partira. 
Se beijaram no estacionamento do restaurante. Ela o convidou para conhecer o apartamento dela. Andréa entrou no carro dele e eles se beijaram longamente novamente. No apartamento, os beijos se tornaram mais quentes e intensos, acabando no quarto, aonde eles fizeram amor como na época de adolescentes. 
Ele pensou que era o cara mais feliz do mundo, por ter a chance de pedir perdão por tudo de errado que tinha feito quando era “apenas um garoto “ e, ainda assim ter Andréa novamente em sua vida. Dormiram exaustos e abraçados. Na manhã seguinte, ela preparou um café da manhã maravilhoso e eles conversaram animadamente, lembrando de mais casos do passado e falando de seus planos para o futuro. 
Na hora de ir embora (ele tinha que trabalhar), ela o acompanhou até a porta. Ele perguntou se podia ligar pra ela mais tarde (“- Quem sabe nós podemos fazer algo! ). 
Ela respondeu, sorrindo: “-Não, eu apenas queria ter certeza de que não sentia mais nada por você.
Eu não sinto. Adeus!” 
E, bateu a porta na cara de nosso herói. “Uau! Parabéns, Andréa!" - pensou ele, fitando a porta. Caminhou pelo corredor do prédio, rindo e ainda atordoado. “Mulheres podem ser seres muito frios, quando querem.”- pensou enquanto esperava o elevador. Entrou em seu carro e colocou "a musica deles", dirigiu rindo e cantando. 
 E, nunca mais ligou pra ela. Aquela lição tinha sido boa demais para ser estragada.

 (Por Allan Marinho)

Comentários

  1. Cara, que história fantástica. Show !
    Tem jogo de palavras, alguns eu ri demais, hahahaha; referências, peguei o "animadamente" e o Daniel-San. Tá incrível, Allan, parabéns!

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  2. E eu nem falei do final espetaculamente, surpreendente!

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  3. E eu nem falei do final espetaculamente, surpreendente!

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  4. Bela lição. Pareceu até uma história real. Rsrsrs

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  5. Meooooooooo que texto! Eu tô aqui com o coração da boca e aprendendo que sempre se pode aprender. ❤️
    Parabéns pelo texto magnífico!

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  6. Hahaha. Obrigado, Kel ! Que sempre possamos aprender algo !

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