Cidade Baixa

Cidade Baixa é um bairro da cidade brasileira de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. 
O bairro é atualmente caracterizado por ser um dos bairros Boêmios do Brasil, um local de diversidade cultural e reunião de jovens durante as noites das sextas feiras e sábados. 
Por estar próximo à UFRGS e da UFCSPA, é um reduto para os universitários após um longo dia estressante de estudos. Reduto de diversos grupos culturais e um encontro socioeconômico entre jovens de toda capital gaúcha. 
É também onde ocorre o carnaval de rua da cidade de Porto Alegre, que reúne bloquinhos de foliões espalhados pelo bairro, que trazem alegria durante os períodos de carnaval. Marcaram de jantar. 
Seria a primeira vez que estariam apenas os dois. Ao sair da faculdade, eles foram conversando amenidades alegremente. Ao chegar à Avenida principal, ele se encaminhou ao estacionamento e ela perguntou aonde ele estava indo. “- Pegar o carro, oras!” - ele respondeu sorrindo: “- A noite está gostosa demais pra usar um carro, vamos andando!” 
Ele se pegou indo em direção à ela sem pensar na distância de aproximadamente 1 hora caminhando e na temperatura baixa de 10 graus daquela noite fria de Porto Alegre. 
Conversaram sobre tudo, a lua iluminava as subidas e descidas da Av Protásio Alves e nenhum dos dois ligava para nada que acontecia ao redor. 
Paravam nos sinais de forma automática, só existia o outro no mundo. Nada importava. 
Ela descobriu que ele era divorciado e ele descobriu que ela era casada. O que explicava o pânico que ele viu nos olhos dela quando ele de forma inesperada declarou seu amor ao descer daquela lotação semanas antes. 
Ela disse que, assim como ele, tinha uma filha e que era feliz no casamento. 
Aquilo o deixou triste, pois ele viu sinceridade no olhar dela. Chegaram ao restaurante que ela tinha escolhido e ela disse que ele deveria escolher o vinho e o prato dela : “- Me surpreenda, me mostre o quanto você me conhece, acha que me conhece ou espera de mim...” 
O Restaurante era especializado em culinária alemã e, culinária alemã definitivamente não era a praia dele. Se ao menos ela tivesse fornecido o local... ele teria pesquisado e não correria riscos desnecessários. Decidiu pedir um Filet Mignon ao Molho de Mostarda (“Muito Bem!”) e quando pediu o vinho ele pensou em pedir algo sem chances de erro (Cabernet Sauvignon) e ela cortou ele no meio do pedido: “- Não seja essa pessoa que pede o certo, que não dá chance ao erro! Experimente!”
Ele trocou o vinho para um Pinot Noir e viu uma troca de sorrisos de cumplicidade entre ela, o Maître e o Garçom. “Finalmente, acertei!” - pensou com certo alívio. 
A comida tinha sido deliciosa e os dois estavam sentados do mesmo lado da mesa (“- Como os casais apaixonados devem se sentar à mesa!” - Ela tinha dito) após finalizar aquele jantar delicioso. 
Ela explicou que aquele era um dos restaurantes favoritos dela. E, que não frequentava restaurantes que tivessem Tvs, pois elas tiravam o foco das melhores histórias e estórias que saíam dos lábios e olhares dos outros. 
Os olhos dela eram duas promessas negras e vez por outra ele tinha que chamar a própria atenção mentalmente para desviar um pouco o olhar, para que ela não percebesse o óbvio. 
Que ele estava preso nas teias que ela tinha construído ao redor dele, sem ele perceber, hipnotizado que estava. Beberam quatro (ou cinco?) garrafas de vinho, ele tinha perdido as contas, ele tinha perdido o chão algumas semanas atrás. 
O garçom trouxe a conta e após dividirem (“Eu não sou sua namorada, dividiremos a conta!) e deixarem uma generosa gorjeta, saíram novamente pela noite fria de Porto Alegre. Caminharam mais uns quarenta minutos em direção ao centro, a Cidade Baixa(aonde ela morava) e ele que sempre tinha sido estressado com segurança, não teve medo por um minuto de assaltos. Parecia que a paixão e as histórias que ela contava o protegiam. 
Chegando à Cidade Baixa, ela mostrou os restaurantes, bares e lugares boêmios que frequentava e tudo pareceu novo para ele, como se algo se descortinasse. 
Ele via tudo com fascínio, enxergava beleza até no mendigo que pedia algo aos seres da noite que habitavam aqueles lugares. 
Andaram a esmo por algumas quadras e ele já não sabia aonde estava. Ela chamou a atenção dele para as luzes de uma cobertura de um prédio do outro lado da rua. “- Eu moro ali. E, agora eu tenho que ir, apesar de não querer...” Ele tentou um movimento, foi em direção aos lábios dela. 
Sentiu a mão direita dela levemente tocando seu peito, segurando seu ímpeto. “- Eu só vou te beijar no dia do meu divórcio.” Ela se aproximou dele, passou a mão por trás da nuca e beijou um lado do rosto dele lenta e levemente. O coração dele parecia querer pular fora do corpo e fazer companhia à alma que há muito já tinha saído. 
Ela sorriu, olhando ele nos olhos e foi embora entre as sombras e luzes daquela noite. Ele viu ela desaparecer na entrada do prédio e se viu parado olhando para o ponto aonde ela tinha sumido. Um casal de boêmios achando aquela cena estranha perguntou : “Está tudo bem, amigo?” “- Você está perdido?” 
Ele acordou do transe e respondeu que sim. Ele realmente estava perdido, no sentido literal e no figurado. 
Perguntou aonde tinha um ponto de táxi e foi caminhando em direção ao local. Pensava apenas naquele toque na nuca, naquele beijo no rosto e no quanto estava ferrado...

Comentários

  1. Allan, espetacular... Gostaria de ter essa clareza de detalhes...

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  2. O que é isso? Me um coração parou junto! U.a.u. 👏🏻👏🏻

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  3. O que é isso? Me um coração parou junto! U.a.u. 👏🏻👏🏻

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  4. Bah que história sensacional e que riqueza de detalhes ! Viajei no tempo e no pinot noir hehehe
    Show Allan !

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  5. Sabe o que eu gosto das suas histórias? Elas são cheias de vida. De amor. De realidade. Literatura das mais saborosas!!!

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