Minha meta de felicidade

Liberdade Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca... Fernando Pessoa Esse talvez seja um dos meus poemas favoritos do meu poeta (Língua Portuguesa) favorito. Eu fui o melhor vendedor de carros do Brasil por alguns anos consecutivos, até um amigo meu falecer aos 35 anos fazendo o que eu fazia. E, aquilo me fez mudar a direção da minha vida. O mercado automotivo era (continua sendo?) algo muito competitivo e o stress na minha época era altíssimo. Além do atendimento ao cliente, tínhamos a pressão dos gerentes, diretores e presidentes das empresas. E, mesmo quando me tornei “chefe”, eu tinha outros chefes acima de mim. E, eles me cobravam metas e resultados. Naquele momento decidi buscar uma maior “qualidade de vida”. Não queria mais perder os meus finais de semana. Tampouco, ficar longe da minha filha ou de mim (eu era solteiro naquela época). Hoje, alguns anos depois, creio que fiz a melhor escolha da minha vida. Entrei na Indústria Farmacêutica, aonde não tinha tanto estresse, depois virei dono de restaurante (poderia ser estressante,no Brasil) no Caribe e hoje sou gestor/profissional de vendas em uma empresa nos USA. Estresse quase “0” comparado ao que sentia e sofria. Casei, tenho meus finais de semanas livres e quase nunca me estresso depois que saio do trabalho e vou pra casa. Creio que minha alegria ao trabalhar era para preencher uma lacuna que existia em meu peito, em minha alma. Uma ausência de felicidade. Hoje, o melhor momento do dia é quando chego em casa e fico com minha esposa e nossas duas doguinhas. Minha filha casou, foi morar fora e agora somos só nós quatro. Até respeito quem prefira trabalhar. Mas, nunca vou entender o fato de preferir trabalhar em detrimento de ficar com seus amados, viajar, ver o mar, assistir um filme, ler um livro ou simplesmente “vagabundear”! E, como todos nós devemos ter uma meta, a minha meta hoje não é ser o melhor vendedor ou diretor. Meu objetivo é ser feliz. E, minha felicidade reside em “NÃO FAZER NADA” ! E, eu vou lutar por isso com todas as minhas forças. Quero me aposentar (Beeeeemmm) mais cedo que imaginava e ser um bom vivant, um vagabundo feliz... Mas, sem me matar por isso... (Por Allan Marinho)