Ah, a publicidade! Muitas são a alma falida do negócio

Não, não. Eu não sou mal-humorada nem ranzinza. Apenas um pouco crítica.

Sei que todo negócio precisa fazer sua publicidade, propaganda e ter suas estratégias de marketing. Há milhares de "publicitários" formados em faculdades e também os formados pela necessidade. 

E há os propagandistas.

Mas qual a diferença deles? 

- Publicidade, é a comunicação "espontânea". É tornar público um conceito ou uma ideia associados a empresas, produtos ou serviços, para obter aceitação do público. Ou seja, publicidade é toda forma de divulgação não paga. Ela ocorre através de assessorias de imprensa e gestores de conteúdo que divulgam a marca por meio de mídias sociais, eventos e outros canais com o objetivo de criar um boca a boca, fazendo com que as pessoas falem da marca ou negócio.

- A propaganda, como o próprio nome já indica, tem o papel de propagar, divulgar e criar condições para que o mercado conheça o produto ou serviço da empresa, ela faz parte da publicidade e se refere à toda forma de anúncio que tem veiculação paga, como por exemplo: nos próprios meios de comunicação de massa, links patrocinados na internet, outdoors, banners em sites, etc. O objetivo é incentivar a atitude de um determinado público.

- Já o Marketing é uma série de estratégias e técnicas que buscam agregar valor as marcas ou produtos, atendendo as necessidades do cliente. Ele envolve todas as formas de comunicação empresarial e também os caminhos que os produtos devem percorrer até o público conhecer a marca, produto, etc.

Bem, deixando de lado as teorias, quero falar das propagandas. Meu Deus do céu! 

Outro dia, ouvindo o rádio, passou a propaganda de uma revista online. Mas que coisa horrorosa! Mal feita, com diálogos ultrapassados e linguagem mais ultrapassada ainda.

Outro anúncio ruim era de uma pousada próxima a Brasília. Além dos diálogos serem péssimos, acredito que só existe uma mulher e um homem que se dignem a gravar essas propagandas para o rádio. São sempre as mesmas vozes chatas e sem graça. 

E já nem falo sobre as propagandas de TV, uma vez que não assisto televisão aberta há séculos. Contudo, mesmo nos canais fechados, o pouco que vejo, me dá vontade de sair correndo a cada vez que vejo um anúncio.

A última vez que assisti a uma propaganda bem feita foi quando colocaram uns bichinhos tomando cerveja. adorava o bundalelê dos caranguejos.. hehehe 

Por fim, quero contar que mesmo morando na capital federal, estou sujeita aos carros com som anunciando os produtos da vez. Na minha rua devem passar uns dez tipos diferentes de propagandas. É o gás de cozinha - com anúncios que vão desde música gospel até uma buzina seguida de uma voz estridente gritando: Óh, o gás!!!! Prefiro ligar para a distribuidora.

Aí vem o carro do pão. Pães feitos com muito carinho e higiene para você. Pão de cenoura, pão de aveia, pão de milho... Nunca comprei. tenho ódio de quem passa gritando na minha porta.

Depois vem o carro das utilidades domésticas. Quando você olha o caminhão, tem a impressão de estar dentro de um pesadelo. Tudo entulhado, pendurado, desarrumado. E ainda anunciam "tigelas para tomar caldo de plástico". Eu acho que não vou querer caldo de plástico, não. Não deve ser saboroso....

Depois vem o carro do ovo. Ovos grandes, Ovos fresquinhos é no carro dos produtos CaipirA. assim mesmo, sem plural nem concordância verbal. kkkk

E ainda tem o carro da banana! O "mizerávi" passa aqui gritando a seguinte pérola: Olha o carro da banana prata. "Vai passando o carro da banana prata. é o Black Friday! chega aí, chega aí, só 30 bananas por 5 reais. Chegaí seu João, chega aí dona Maria, senão o carro da banana vai embora, a criança chora e a culpa é toda da senhora!" 

Eu confesso que comprei a banana. Caí no conto do black friday. mas descobri que ele acontece quase todos os dias e as 30 bananas são mini-bananas. 

Fora as faixas espalhadas por todo o bairro a vender toda sorte de coisas. casas, apartamentos, anúncios da própria faixa, churrasquinho, frango no vapor, promoção do supermercado... Me sinto na cidade da minha mãe, no interior de Goiás, há vinte anos.

E ainda esqueci de falar dos papéis pregados pelos pontos de ônibus, postes e muros. Cada publicitário acha que tem o direito de anunciar seus produtos em qualquer lugar. E haja propaganda, viu? Algumas delas, mais criativas do que as feitas por profissionais de agência.

A publicidade hoje caiu na mesma armadilha do jornalismo. Se engessou e parou no tempo. A criatividade virou meme e o meme não combina com a propaganda. 

Acredito que está faltando um pouco de amor pela profissão e regulação da atividade. 

Quanto aos carros de som aqui do bairro, eu detesto. Juro. O barulho é chato e incomoda. Mas eu acabo me divertindo com os erros de português. E também com o triciclo do pão de queijo "quentin" e com o carro da pamonha que se apresenta como a melhor pamonha da cidade. Só não diz qual cidade, porque a pamonha é ruim e cheia de fubá.

Taís Morais - Jornalista e observadora das coisas da vida