Avenida Gilka Machado

 



A avenida Gilka Machado fica localizada no Recreio dos Bandeirantes, ela liga a avenida Das Américas à praia(Posto 12), uma paisagem deslumbrante se desenha ao final, a Pedra do Pontal. A Gilka Machado faz divisa com a comunidade do Terreirão. Uma comunidade humilde, de gente simples e trabalhadora.
 Ela tem um comércio de serviços pulsante, bares e restaurantes com preços populares. É um ponto de encontro dos moradores locais nos finais de tarde, principalmente daqueles à procura de uma cervejinha gelada e um bom bate-papo.

Nosso herói estava em uma das mesas colocadas na calçada do Bar do Nelson. À sua frente, seu melhor amigo (Diego). Os dois riam e conversavam sobre como tinham sobrevivido à mais um dia de trabalho, longe daquela atmosfera alegre e daquela cerveja gelada de um jeito que apenas os botecos oferecem.
Eles viram e convidaram uma amiga dos dois que estava em uma mesa próxima para que sentasse junto com eles, ela recusou, disse que estava esperando uma amiga para “colocar a fofoca em dia”. Todos eram moradores do mesmo bairro. E, aquele bar era um dos “points” pós praia e um lugar pra relaxar depois de um dia de trabalho.


Ela vinha caminhando rapidamente do outro lado da Gilka Machado. Tinha uma expressão grave e chateada. Suas sobrancelhas quase faziam um V.
Amanda acenou para ela e um meio-sorriso surgiu na face da amiga que cruzava a avenida em direção ao Bar do Nelson.
Os dois amigos, sentados em frente à mesa da Amanda e de sua amiga de expressão braba, cumprimentaram aquela que chegava. Receberam um quase rosnado como resposta,“Grumpffff!” e outro meio-sorriso .
Amanda era também irmã de uma ex-namorada de Diego.

Após algumas cervejas, a menina de camiseta listrada tinha trocado a expressão raivosa por um sorriso lindo, por risadas genuínas e leves.
Aquele era o momento. E, ele agiu:
“- Podemos sentar com vocês ?”

As amigas aceitaram meio que relutantemente.
Mas, depois de alguns minutos, todos conversavam como se conhecessem de longa data. Ou apenas, como Cariocas.
Kátia disse que tinha ficado duas horas presa em um engarrafamento voltando pra casa e que aquela cerveja era tudo que ela precisava para se recuperar.
Nosso herói perguntou o que ela “fazia da vida”, ela respondeu que trabalhava em um hospital e que cursava Direito. Estava no sexto semestre. Não tinha certeza se queria continuar.
Os dois foram cada vez mais se interessando e perguntando sobre o outro, e quanto mais ele escutava ela discorrer sobre sua vida, mais ele se interessava e encantava.

As cervejas faziam a tensão diminuir e ele aproveitou pra sentar ao lado dela em um momento em que Amanda tinha ido ao banheiro:”- Tá muito barulho, eu não consigo te ouvir direito!" .Foi a desculpa usada.

Ele conseguia fazer ela rir com piadas bobas e, Diego e Amanda perceberam que era uma questão de tempo até o inevitável acontecer entre aqueles dois amigos queridos, cujos olhos brilhavam enquanto conversavam.
Um minuto depois, os dois se beijavam. Um beijo nem tão curto que não marcasse, nem tão longo que fosse algo inapropriado para o local. Um beijo na intensidade perfeita. No tempo perfeito.
Depois do beijo, eles se deram as mãos e, após Diego e Amanda se despedirem ficaram ali por mais um tempo, trocando palavras, carinhos e beijinhos. Pareciam se conhecer desde sempre. O final de tarde em que se viram pela primeira vez tinha virado noite. O Bar do Nelson precisava fechar.
Ele pediu a conta, e quando ia pagar, ela disse que metade da conta era dela. Ele protestou, disse que fazia questão, “- Eu sou um cavaleiro!”
Ela foi intransigente: “Eu pago as minhas contas, sempre.”

Ela morava não tão longe dali e ele foi caminhando de mãos dadas com ela até a portaria do prédio em que ela morava.
“- Anota o meu telefone!”, disse ele, acostumado que estava a fazer as outras mulheres correrem atrás dele.

“- Não, você anota o meu!” Respondeu ela.

“Acho que estou apaixonado!” - pensou ele.

Se beijaram mais uma vez, um beijo longo e intenso. E, ela entrou em seu prédio.
Ele caminhou os 15 minutos que separavam os prédios dos dois com um sorriso infantil em seu rosto. Um sorriso que ele não tinha desde quando tinha se apaixonado pela primeira vez, 10 anos antes. Algo tinha mudado novamente em sua vida. Ele sentia um calor em seu peito, aquela “coceira” em seu coração novamente.
Virou a chave e abriu a porta de seu apartamento lentamente. Se deslocava com cuidado para não acordar a filha adolescente com quem morava.
Foi até a cozinha, pegou uma cerveja na geladeira e sentou-se no sofá.
Não quis perder tempo, ele não podia perder tempo.
Pegou celular e digitou :” Amei te conhecer. Quer jantar comigo amanhã?”.
“Também amei te conhecer, claro que quero! Amanhã combinamos durante o dia. Beijos e até! “ - foi a resposta que ele recebeu.
“Até! Beijos!” - ele se despediu.

Abriu mais uma cerveja. “Acho que estou apaixonado” - pensou novamente.

O restante da noite seria longo, feliz e de expectativa pelo dia seguinte.

Comentários

  1. E viveram felizes...
    Finalmente o tão famoso fim feliz! É inevitável a comparação com a realidade, a minha realidade. Penso nos encontros ao acaso que a vida me deu, parecido com este da história. No meu caso, eu é que pegava o telefone, e descobria que não era o dela!!! Obrigado pela história agradável!!!

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  2. Ahhhh eu tô adorando esses seus textos..... E é tão bom ler e sentir como se fizesse parte deles! Sensacional!

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  3. Muito bom Allan ! A gente volta no tempo pensando nisso ...

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  4. Gosto das suas crônicas. São vívidas. São crônicas do dia a dia. De toda a gente! Gosto de texto feliz!

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