Acredito que a maioria das pessoas assistiu na tv a duas cenas lamentáveis de confusão em zonas nobres do Rio de Janeiro e São Paulo , uma no Leblon com duas mulheres, e a outra em um famoso restaurante , o Gero, nos Jardins e é nesse evento que eu proponho minha reflexão.
Vamos aos fatos : o restaurante estava lotado e lá pelas tantas se deu o início de confusão quando em uma determinada mesa o garçom anunciou que não iriam servir mais devido a alta demanda na cozinha e que os pedidos seriam cancelados, claro que o cliente não gostou e protestou, no meio da discussão a dona do restaurante se identificou e pediu que o cliente se retirasse, a discussão foi parar na rua, tudo gravado pelos celulares do público presente, o referido cliente se exaltou e disse que aquilo era uma afronta e não poderia acontecer com ele , um médico de família rica e educado na Europa e EUA e que a coisa não ficaria assim ...
Pois bem, uma das coisas que mais me incomoda e a maioria das pessoas, é a prepotência e a soberba; infelizmente vivemos no país do carteiraço ( ainda ) e isso volta e meia acontece , bem menos nos tempos atuais , mas acontece , e o curioso é que tem acontecido com uma frequencia maior de uns tempos pra cá e o motivo talvez , além da pandemia lógico , possa ser o novo momento político... Mas isso eu não vou me deter aqui, o que me incomodou foi a atitude do médico e sua resposta a também atitude da dona do restaurante, exacerbados pelos nervos a flor da pele, a impaciência , e a uma série de defeitos e desvios de caráter que as pessoas estão deixando aflorar justamente em um momento que pede o contrário, ou seja, o que deveríamos esperar de melhor estamos assistindo o pior ... Seria a pandemia, apenas um gatilho para colocarmos pra fora sentimentos tão ruins e baixos ? Porque o contrário que é tão bacana de se ver e que nos eleva como seres humanos e cidadãos fica em segundo plano ? Longe de generalizações, o que me incomoda é que os pecados capitais, que fazem parte do nosso ser e que lutamos persistentemente para suprimir seus nefastos efeitos, parecem não incomodar de forma efetiva e pelo contrário, encontram justificativas e razões absurdas e imorais ...
Já se falou bastante sobre estados de consciência e de como ela pode atuar como um juiz de severas sentenças na nossa própria consciência, e devo confessar já tive meus momentos de impáfia e soberba, momentos que me custaram longos exames e reflexões, fora as consequências e efeitos negativos em minha convivência social, familiar etc.
Estamos vivendo tempos difíceis mesmo , e pra piorar uma pandemia inédita, essas transformações sociais, de convivência, de compartilhamento ( uma idéia da nova era digital e que veio pra ficar ) não poderia ter espaço pra sentimentos e defeitos tão mesquinhos e pequenos mas graves e que a pandemia potencializou devido ao confinamento e seus efeitos econômicos e que devem perdurar por um bom tempo, muitas justificativas razoáveis para as pessoas baixarem seus barracos e recalques uns nos outros e seguir e consolidar uma sociedade abominável , injusta e degradante...
Será que fui muito pessimista ? Acho que sim , ainda acredito nas boas pessoas , nas que constroem um futuro melhor pra todos, e que ao menos praticam as boas ações e de uma forma ou outra trancam em um cofre seus pecados e sentimentos mais detestáveis e negativos ...
Não existe sociedade perfeita com seres humanos imperfeitos. Belo texto.
ResponderExcluirExcelente reflexão, Ademir! Eu não vi os lamentáveis episódios. De uns tempos para cá, leio apenas política e economia - e olhe lá! Não acredito no ser humano. Somos um projeto falido. Uns mais que os outros, claro. Soberba, egoísmo, cinismo é mentira me irritam demais! Beijo
ResponderExcluirHá algum tempo, a educação foi posta de lado, a arrogância se sobressaiu, juntamente com o ego. "O seu direito começa quando termina o meu", não existe mais. As pessoas perderam a noção e uma perdendo, a outra para ter "razão" perde também. Uma bola de neve. Na teoria é lindo falarmos de boa vontade, humanismo, educação, olhar o outro mas, e na prática, como ficamos? Texto perfeito!
ResponderExcluirTexto excelente, Ademir!
ResponderExcluirTeoria e prática, resumidos: "Faça o que eu digo, não faça como eu faço". Indicando justamente, teoria diferente de prática.
Imaginem quantos casos acontecem longe das lentes...triste futuro.
ResponderExcluirExcelente texto, Brother !