Passeavam juntos, andavam pelas ruas tranquilamente, compravam doces e sorvetes. Sorriam.
Aos 12, minhas vontades mudavam.
Meu interesse por brincar de panelinha com as amigas não era tão importante, preferia ficar ouvindo música, escrevendo quieta no meu canto, trocando idéias com o pensamento.
Naquele tempo em que brincava numa área na frente de casa, dançando, virando estrela, não me importava quem passava na rua, ali era o meu lugar, meu domínio.
E o mundo cresceu. Tão rápido que de repente veio a cobrança, primeiro da amiga que exigia que eu brincasse com ela como no passado, nada distante, depois a vida me pegou de jeito. A inocência se separou do tempo.
E nesse jeito corrido, rápido, intenso, não pensei muito bem no que a tal da inocência queria ou como ela ficou. Acho que ficou meio triste, caiu uma lágrima, abaixou a cabeça e ficou ali a olhar os acontecimentos. E eu nem aí para ela.
Então ela pôde perceber que os dias trariam realidades que ela não queria, mas que eram necessárias.
A inocência se perdeu pelo caminho, muitas vezes trombo com ela em meio às matas, mas meu tempo é escasso e não posso parar para ouví-la, cumprimento e saio correndo. Ela vem atrás me diz que vale a pena, mas o tempo, ah o tempo, aquele que vivia de mãos dadas com ela, não a deixa chegar perto, está sempre com pressa e pior, com medo da realidade, então, não tenho tempo de dar ouvidos à conversa da inocência, porque hoje em dia quando a inocência toma conta, todos dizem que o tempo passou e você não cresceu, você se esqueceu, você se acabou.
Eu fico tentando me perguntar por quê o tempo é tão voraz?
E por quê a inocência não corre atrás?
E então eu vejo que naquele dia que o tempo e a inocência tomaram rumos diferentes, cada um para o seu lado, o homem ficou mais triste, porque ali entre aqueles dois mundos existia uma grande amizade.
E o homem na sua escolha ficou com o tempo, apressado, irritante. E a inocência coitada, tão acanhada ficou ali, sentada na pedra de cabeça baixa querendo mostrar que sem ela, o homem perderia muitas coisas. Mas o homem nem ligou, agarrou no braço do tempo e foi embora. Mas como a inocência não desiste, naquele dia que se separou do homem e do tempo, ela deixou dentro do coração um pequeno embrulho, com fita vermelha que fica no canto e quando o homem se perde no tempo e não tem mais tempo para nada, ela o lembra dos tempos antigos, daquela época onde as matas tinham apenas árvores e sol brilhava constantemente. Então ele deixa o tempo de lado e segura firme na mão da inocência buscando o que perdeu há tempos atrás e dele caí uma lágrima, porque agora não há mais tempo para mudar, então ele senta na pedra e ficam ali de conversa até o sol o raiar.
Ótimo texto. Vamos dizer que passada uma fase escura voltei a inocência de menino, ou por enquanto até alguém despertar o demônio adormecido...kkkk
ResponderExcluirAhahaha, só não seja mau exemplo à inocência, por favor! Rs
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ExcluirA minha querida amiga blogueira não perdeu a escrita e nem a sensibilidade. Que bom te ler!!! Que bom olhar para palavras que mexem com a gente. Bons tempos aqueles em que nossas estrelas eram apenas nossas. E os julgamentos não nos feriam! Te beijo!
ResponderExcluirTM
Ownnnnnnn te adoro.
ExcluirDemais ! Texto apaixonante ! Eu, saudosista que sou, entendo esse sentimento.
ResponderExcluir😊😊😊😊 somos todos!
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ResponderExcluirMuito bom, você me traz a saudades dos tempos inocentes e urbanos que conheci, a essência dos textos daqueles tempos dos blogs raiz. Revirou vários sentimentos. No fim, como bom capricorniano que sou rss.. os boletos fizeram a inocência fugir em carreira por aqui... beijos
ResponderExcluirAhahahahhaha pestes de boletos!!!!!! 😘
ExcluirAdorei o seu texto, que entre outros méritos tem o de nos fazer, palavra após palavra, caminhar de mãos dadas com nossa própria inocência.
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ExcluirAdorei o seu texto, que entre outros méritos tem o de nós fazer, palavra após palavra, caminhar de mãos dadas com nossa própria inocência.
ResponderExcluirÉ um delícia esse passeio, né? Então, que nunca esqueçamos da inocência, mesmo que não tenhamos tempo para mais nada! Beijo.
ResponderExcluirAmadureci de mãos dadas com minha inocência.
ResponderExcluirParabéns pelo texto amiga 🥰😘
Obrigada, Ticia!
ExcluirObrigada, Ticia!
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