Inspirado no meu amigo de blog e brilhante resenhista, o Allan, resolvi falar um pouco hoje sobre a sorte. Só que de uma maneira diferente, baseado principalmente nas idéias de um cara, um grande pensador desta área, que ao contrário de outros teóricos, sabe muito bem na prática como a coisa funciona.
Este cara é o Nassim Taleb ( e eu acho que em algum momento já falei sobre ele ) mas não custa dizer que ele é um libanês oriundo de uma família greco-ortodoxa e que emigrou para os USA fugindo das intermináveis guerras em seu país natal. Fez doutorado na Sorbonne em Paris, fez mestrado em negócios na Wharton School e é decano das ciências da incerteza na universidade de Massachuscetts. Trabalhou e ganhou muito dinheiro como trader em Wall Street e depois de um tempo pode se dedicar a leitura intensa e estudos dos grandes clássicos de praticamente todas as áreas da ciência, literatura e saber em geral. Essa bagagem cultural se faz necessária para poder elaborar idéias complexas e ao mesmo tempo tão corriqueiras do nosso cotidiano. Falar sobre sorte e acaso, probabilidades e possibilidades e, enfim discorrer sobre a incerteza, não é fácil.
Então isso se trata da sorte disfarçada como não sorte ( ou seja, como competência ) e de modo mais geral do acaso disfarçado e encarado como não acaso ( ou seja, como determinismo ). O acaso se manifesta sob a forma do idiota sortudo, definido como alguém que se beneficiou de uma porção desproporcional de sorte, mas que atribui seu sucesso a outra razão, na maioria das vezes uma muito precisa. Essa confusão brota nas áreas em que menos se espera, até mesmo na ciência, embora de maneira não tão acentuada e óbvia como acontece nos mundo dos negócios. É endêmica na política, se pensarmos no presidente da nação discursando sobre os empregos que " ele criou " na recuperação promovida " por ele " e na inflação do governo anterior. Não vamos nem falar da Pandemia ... As livrarias estão cheias de biografias de homens e mulheres de sucesso apresentando explicações específicas de como venceram na vida ( impressionante como vira modinha, eu mesmo comprei anos atrás uma biografia do Jack Welsh que não me serviu de modo prático para nada ) temos até uma expressão, " estar no lugar certo e na hora certa " para enfraquecer quaisquer conclusões que tiremos dessas explicações. A confusão acomete as pessoas persuadindo-as de maneira diversa.
Além disso, parece haver evidência de aquilo que é chamado coragem vem de subestimar a parcela de acaso nas coisas, e não em uma habilidade mais nobre de arriscar o pescoço em uma determinada crença. Tomadores de risco são com mais frequencia vítimas de ilusões, levando ao otimismo e confiança excessivos ao subestimar os possíveis resultados adversos. Aí vai um adágio popular e que nos previne de que informação errada é pior do que falta de informação. Chegamos nas fakes news !
Portanto não seja tolo ou trouxa, aja como um cético, mas um cético empírico ( baseado em evidências e observação ) não caia em contos, ladainhas, narrativas ( estas muito perigosas, porque adoramos uma história bem contada, mas que no sentido real, do mundo real, precisa passar pelo crivo das probabilidades ) não caia nos contos de auto-ajuda ( mesmo que o fator emocional seja positivo ), reflita melhor sobre o que está por trás e principalmente avalie as condições para que determinadas pessoas e ações tenham dado sucesso ( você já parou pra pensar que para uma só pessoa que tenha chegado no topo, inúmeras outras também tentaram mas acabaram ficando pelo meio do caminho, " faltou aquele detalhe " faltou mais um pouquinho disso ou daquilo etc.
Prometo continuar este assunto em outros textos, mas a minha intenção aqui foi chamar a atenção de você que está pacientemente lendo esta resenha, do porque algumas pessoas são mais bem sucedidas que outras, o do porque de nossas tomadas de decisões e de nossa tendência de não acreditar no acaso e encontrar razões quando nenhuma razão existe.
( O meu amigo Allan chegou lá por méritos próprios, muita coragem e determinação, e embora ele não admita como sorte, uma boa dose do acaso... É assim que se vence e sobretudo é assim que se encara a vida de uma perspectiva melhor... )
Por Ademir Silva
Caramba, que texto incrível!!!!
ResponderExcluirSem mais.
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído... Belo texto,
ResponderExcluirÉ... acho que a Rachel já disse... mas que sorte a nossa ter essa gente taí sortuda que chega até a escrever bem!
ResponderExcluirTema muito interessante. Boa Ademir! O poder de nossas escolhas, sobre o que temos em mãos(disponível).
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