Esse texto não é meu...kkk

Ludwig van Beethoven – Milton Ribeiro

Buenas.
Hoje resolvi postar um texto que não é meu, mas foi um texto em que eu me identifiquei muito.
Ele tinha se perdido no tempo e se não me engano eu tinha postado ele lá no antigo Marmota Elétrica... Já faz algum tempo...kkk
Pois bem, nesse tempo todo andei procurando por esse texto, nunca mais o encontrará, a minha última e única esperança era uma amiga a qual me enviara o texto. Naquela época ela acompanhava o Marmota e me disse um dia que eu escrevia bem e que colocava sentimento naquilo que escrevia. Então ela me passou esse texto para ver o que eu achava... Acho em que algum momento da vida eu tenha passado por isso e eu simplesmente disse: Eu gostaria de ter escrito isso...

“O Sentimento não encontra palavra que o descreva”, ela disse, e então calou-se. Ela era assim mesmo, estranha e misteriosa. Falava por monossílabos e era inútil tentar tirar-lhe algo mais. Suas palavras tinham um tempo próprio, alheias às exigências do momento. Só falava quando encontrava a justa forma pra dizer o que sentia.

E, naquela longínqua noite de inverno, a frase viera a propósito da música que estivéramos a ouvir, o quarteto Opus 132, de Beethoven.

Estávamos deitados sobre dois almofadões no chão, encolhidos e de mãos dadas sob os cobertores, quando ela falou.

A perfeição existia.

Olhei para ela. Seu olhar atravessava minhas paredes e muros, e me peguei fazendo confidências, criando raízes. Ela era a minha terra, a planície onde eu pousava após meus vôos turbulentos.

Mas a perfeição existe só de passagem, nunca para ficar, e então me veio um medo, um quase desejo de não ser feliz pra não perder a felicidade depois (o Sentimento não encontra palavra que o descreva). E então cortei, brusco, o fluir das palavras. Mas ela não pareceu surpresa. Conhecia a vida e os viventes. Só não conhecia a palavra que descrevesse o sentimento. Como eu.

Mas por todo aquele inverno seguimos na busca, juntos, e uma noite fizemos amor ao som de Beethoven. Depois daquela noite decidimos dar por encerrada a busca. Agora, mais que nunca, aquele Sentimento não encontraria uma palavra que o descrevesse. E então nos separamos. Nunca mais a vi. Depois dela, os sentimentos têm sido descritos com palavras tristes, melancólicas.

Os caminhos agora são outros e ao meu lado dorme uma outra mulher, que não me olha por dentro e que não sabe que Beethoven existe. Mas ainda moro na mesma casa, e os almofadões ainda são os mesmos. E nas noites de inverno ainda ponho a tocar o quarteto Opus 132, que me desperta um Sentimento antigo, ainda não descrito, que me consola.”

Não sei quem é o autor, sei que está relacionado a um concurso de contos da UFRGS...

Uma boa semana a todos...

Comentários

  1. Pois é. Existem olhares que nos atravessam, que quebram muro e pontes. Mas existem outros que nos desmontam, nos matam... te beijo! TM

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    1. Se tem... olhares que jamais serão vistos ou sentidos....bj

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  2. Caramba! Amei.
    Mesmo não sendo seu, me lembrarei de vc por compartilhar!
    Beijo!

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  3. Obrigado, texto bons temos que compartilhar... bj

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